Sábado, 12 de Julho, 2025

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População de palancas negras gigantes cresce 20% na Reserva do Luando em 2024

A população de palancas negras gigantes na Reserva Natural Integral do Luando (RNIL), em Angola, registou um crescimento estimado de 20% em 2024, atingindo os 185 indivíduos, segundo o Relatório Anual de Atividades da Fundação Kissama, a que a agência Lusa teve acesso. Este aumento representa um sinal encorajador para a conservação da espécie, considerada criticamente ameaçada de extinção e símbolo nacional de Angola.

A Fundação Kissama, responsável pelo Projeto de Conservação da Palanca Negra Gigante, realizou em julho do ano passado uma campanha aérea na RNIL com o auxílio de um helicóptero vindo da Namíbia e de uma experiente veterinária associada ao projeto desde 2019. A operação visou a contagem, imobilização e marcação dos animais, tendo sido colocadas 15 coleiras com GPS, 10 brincos com GPS e coleiras VHF em 25 palancas — 22 negras gigantes e 3 ruanas. O objetivo era localizar todas as manadas sobreviventes na área protegida, situada na província de Malanje e que se estende até ao norte da província do Bié.

Face à densa vegetação que dificultou a visibilidade em julho, a fundação realizou expedições complementares em setembro, recorrendo a drones e a observações de campo para completar os dados da campanha aérea. A estimativa total, baseada na combinação dessas técnicas e na experiência acumulada da equipa no terreno, fixou a população de palancas na RNIL em 185 indivíduos no final de 2024, um aumento significativo em relação à última contagem oficial de 2022.

Paralelamente, foi também efetuado um acompanhamento demográfico no Parque Nacional da Cangandala (PNC), onde se encontra uma outra população de palancas negras. Neste parque, os animais estão em grande parte confinados a um santuário vedado, com maior proteção, embora o arvoredo denso dificulte uma contagem precisa. No entanto, numa das ocasiões foi possível observar 80 palancas pastando numa zona aberta, levando a fundação a estimar uma população de cerca de 120 animais no PNC. Contudo, alerta-se que esta população aparenta estar em processo de estagnação devido a limitações de espaço, motivo pelo qual se recomenda a expansão ou remoção da vedação existente para permitir maior liberdade de movimentação dos animais.

A Fundação Kissama sublinha que o projeto da palanca negra gigante é uma das suas prioridades, não apenas pela importância ecológica da espécie, mas também pelo seu valor simbólico para Angola, sendo amplamente reconhecida como ícone nacional e expressão da identidade cultural do país.

O relatório também destaca os resultados do Projeto Kitabanga – Estudo e Conservação de Tartarugas Marinhas, em curso desde 2003. Desenvolvido ao longo de 104 quilómetros de costa angolana, em 18 pontos de amostragem distribuídos por todas as províncias costeiras, com exceção de Cabinda, o projeto já permitiu que mais de 5 milhões de neonatos de tartarugas marinhas fossem encaminhados em segurança para o mar até ao final da temporada 2024/2025.

Do ponto de vista financeiro, 2024 foi um ano desafiante para a fundação, com dificuldades na angariação de fundos. Apesar disso, a organização conseguiu mobilizar cerca de 950 mil dólares (aproximadamente 805 mil euros) provenientes de instituições nacionais e internacionais, que garantiram a continuidade das suas ações em prol da conservação da biodiversidade em Angola.

A Fundação Kissama, criada em 1995, celebra este ano 30 anos de existência e continua a desempenhar um papel fundamental na proteção do património natural angolano.

Lusa

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