Quinta-feira, 26 de Junho, 2025

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África pode duplicar défice habitacional até 2050 se não forem tomadas medidas urgentes

O continente africano poderá enfrentar um agravamento significativo do seu défice habitacional até 2050, caso não sejam implementadas medidas concretas e estruturadas para acompanhar o ritmo acelerado do crescimento populacional. O alerta foi lançado esta terça-feira, em Luanda, pelo ministro das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação de Angola, Carlos Alberto dos Santos, durante a 17.ª edição da Cimeira de Negócios EUA–África, que decorre na capital angolana.

África pode duplicar défice habitacional até 2050 se não forem tomadas medidas urgentes

No painel subordinado ao tema “Investir no Futuro: Soluções Sustentáveis e Escaláveis para as Cidades em Crescimento de África”, o governante revelou que o défice habitacional em África é atualmente estimado em 2,2%, enquanto a população cresce a um ritmo anual de cerca de 3%. Se nada for feito, advertiu, o défice poderá atingir 4,4% até 2050.

Principais desafios para reverter o cenário

Carlos Alberto dos Santos apontou diversos entraves que dificultam a resposta eficaz à crescente procura por habitação, entre os quais se destacam:

  • Falta de planeamento urbano sustentável, o que tem levado à expansão desordenada das cidades africanas;
  • Ausência de sistemas eficazes de gestão e stock de terra, que limita o acesso a terrenos legalizados e urbanizados para fins habitacionais;
  • Infraestruturas básicas insuficientes, como redes de água, saneamento, energia, transportes e mobilidade urbana;
  • Baixo investimento público e privado no setor habitacional, devido à falta de mecanismos de financiamento adaptados à realidade do continente.

O ministro defendeu a necessidade urgente de planear e construir novas cidades com base em princípios de sustentabilidade, inclusão social e eficiência ambiental, capazes de responder à crescente urbanização em África. Até 2050, estima-se que mais de 600 milhões de africanos se mudem para áreas urbanas, o que exigirá investimentos maciços e soluções inovadoras para garantir condições dignas de habitação.

Soluções propostas

Entre as medidas sugeridas para mitigar o défice habitacional, Carlos Alberto destacou:

  • A harmonização das políticas de urbanismo entre os países africanos, criando uma base legal comum para atrair investidores;
  • O reforço de parcerias público-privadas (PPP) para viabilizar projetos de habitação em larga escala;
  • A utilização de tecnologias de construção modernas, como pré-fabricação, impressão 3D e materiais sustentáveis, que permitem reduzir custos e acelerar os prazos de execução;
  • A criação de mecanismos financeiros inovadores, como fundos de garantia e títulos municipais, para facilitar o acesso ao crédito habitacional.

Angola como exemplo de desafio e oportunidade

Angola, com uma taxa de crescimento populacional superior a 3% ao ano, enfrenta desafios semelhantes aos de muitos países africanos, sobretudo nas suas grandes cidades, onde o crescimento urbano é desordenado e as carências habitacionais são mais acentuadas. O Governo angolano tem apostado em programas de construção de centralidades, requalificação de bairros informais e promoção de novos modelos de urbanização mais sustentáveis.

Carlos Alberto dos Santos reiterou o compromisso de Angola com as metas da Agenda 2063 da União Africana e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em particular o Objetivo 11, que visa tornar as cidades e comunidades inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis.

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