Uma mulher, mãe de dois filhos, permanece desaparecida há 10 dias depois de ser arrastada pelas fortes correntezas provocadas pelas chuvas que caíram sobre Luanda. O incidente ocorreu a poucos metros da residência da vítima, no início de uma semana laboral que, para a família, parecia ser como qualquer outra.

Descrita como alegre, sonhadora e cheia de entusiasmo pela vida, a jovem trabalhava perto de casa e, segundo familiares, ainda esteve no serviço naquela segunda-feira fatídica. No entanto, as chuvas intensas acabaram por destruir parte da estrutura da casa, abrindo uma passagem direta para uma vala de escoamento pluvial.
O casal foi surpreendido pela força das águas. O marido conseguiu salvar-se, mas a mulher foi arrastada pela corrente. Emocionado, o viúvo relatou os momentos angustiantes antes do desaparecimento, lembrando que a companheira o alertou sobre a presença de água a infiltrar-se por baixo do quarto. “Ela me chamou, estava com o telefone na mão a tentar iluminar, e de repente fomos ambos arrastados”, contou.
Vídeos feitos por moradores mostram o momento em que a mulher era levada pelas águas, enquanto alguns jovens locais tentavam, sem sucesso, resgatá-la. Apesar dos esforços do Serviço de Proteção Civil e Bombeiros, que trabalhou no local durante três dias, o corpo ainda não foi localizado. A família continua a manter a esperança de que um milagre aconteça.
“Estamos tristes com tudo isso. Só pedimos que o corpo apareça”, lamentou um dos familiares, enquanto apelava por ajuda às autoridades para mobilizar máquinas pesadas que possam remover os escombros na vala.
A comunidade, visivelmente abalada, denuncia o perigo constante representado pela vala, que já fez várias vítimas ao longo dos anos. Os estragos provocados pelas inundações são visíveis: móveis destruídos, casas invadidas pela água e até tubos de distribuição de água potável arrastados para dentro da vala, colocando em risco a saúde pública.
“Estamos aqui apenas pela graça de Deus. Todo ano, passa corpo nesta vala. É urgente uma intervenção das autoridades”, alertou um morador.
A família da vítima havia migrado para Luanda há cerca de quatro anos, em busca de melhores condições de vida. Agora, enfrentam o luto e a incerteza num cenário de destruição e dor.