Sexta-feira, 18 de Abril, 2025

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Iniciado julgamento de dois padres acusados de desviar 80 milhões de dólares destinados ao combate à fome

Teve início esta semana, no Lubango, o julgamento de dois membros da Igreja Católica acusados de envolvimento no desvio de cerca de 80 milhões de dólares norte-americanos, fundos destinados ao combate à fome através de projetos agropecuários na província da Huíla.

Sentam-se no banco dos réus o padre Batista Chiloia, coordenador do Projeto Agropecuário do Cuvango, e o padre Abraão Chipá, vigário judicial do Tribunal Eclesiástico do Lubango. Ambos são acusados de má gestão de fundos públicos e de envolvimento em práticas lesivas aos interesses da Arquidiocese.

A sessão inaugural, conduzida pela juíza Violeta Titeta, foi marcada por longas horas de interrogatórios, apresentação de provas e declarações polémicas. Segundo a acusação, os padres terão utilizado parte significativa dos recursos financeiros do projeto para fins alheios à sua finalidade, lesando não apenas o Estado, mas também a reputação da Igreja Católica local.

O processo tem como base denúncias que surgiram nas redes sociais em 2022 e 2023, nas quais os arguidos apontaram o Arcebispo Metropolitano do Lubango, Dom Gabriel Mbilingue, e outros membros do clero como beneficiários de meios agrícolas desviados, entre os quais tratores doados pelo Governo.

Contudo, agora é a própria Arquidiocese do Lubango que avança contra os dois padres, exigindo uma indemnização de 250 milhões de kwanzas pela alegada utilização indevida da sua imagem institucional e danos morais.

Durante o julgamento, o padre Chiloia afirmou ter sido vítima de ameaças e tentou justificar as denúncias públicas como uma resposta a tentativas de suborno e sabotagem do projeto. Por sua vez, o padre Abraão Chipá rejeitou todas as acusações, defendendo o seu compromisso com a verdade e a missão da Igreja.

O caso, que envolve vultosos montantes destinados a uma das áreas sociais mais sensíveis do país, está a gerar grande atenção pública, especialmente entre os fiéis católicos e a comunidade local, num momento em que se intensificam os apelos por maior transparência na gestão dos recursos públicos e institucionais.

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