Quarta-feira, 16 de Abril, 2025

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Trump impõe tarifas a Angola e compromete relações comerciais entre os dois países

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou recentemente a imposição de tarifas comerciais adicionais sobre produtos importados de mais de 180 países, incluindo Angola, que será alvo de uma taxa de 32%. A medida, que visa reduzir o défice comercial norte-americano, poderá ter impactos significativos nas trocas comerciais entre Luanda e Washington, afetando sobretudo os sectores não petrolíferos.

Trump impõe tarifas a Angola e compromete relações comerciais entre os dois países

De acordo com dados oficiais, Angola exportou para os Estados Unidos, em 2024, cerca de 1,87 mil milhões de dólares em bens, enquanto os EUA exportaram para Angola mercadorias no valor de 682 milhões de dólares, resultando num défice de cerca de 1,19 mil milhões para o lado norte-americano. Este desequilíbrio, segundo analistas, terá motivado a decisão da Casa Branca.

As exportações angolanas para os Estados Unidos são, em grande parte, dominadas pelo petróleo e gás, sectores que, por enquanto, parecem estar isentos das novas tarifas. No entanto, produtos não energéticos, como madeira, pedras preciosas, produtos agrícolas e manufaturados, poderão enfrentar entraves significativos, o que pode afetar negativamente a diversificação económica que Angola tenta promover.

Por outro lado, os produtos exportados pelos Estados Unidos para Angola, como maquinaria industrial, equipamentos de transporte, medicamentos, produtos eletrónicos e químicos, poderão também ser impactados caso Angola opte por uma resposta diplomática ou económica proporcional, aumentando tarifas ou adotando restrições às importações.

A nível continental, Angola não é o único país afetado. As tarifas anunciadas por Donald Trump atingem também países africanos como o Lesoto (50%), Madagáscar (47%), África do Sul (31%), Namíbia (21%), Zâmbia (17%), Moçambique (16%), Nigéria (14%), Guiné Equatorial (13%), República Democrática do Congo (11%) e Camarões (11%).

Especialistas temem que esta nova política tarifária dos EUA possa enfraquecer as relações comerciais com o continente africano e comprometer programas como o AGOA (African Growth and Opportunity Act), que tem sido uma ponte importante para o acesso de produtos africanos ao mercado norte-americano em condições preferenciais.

Para Angola, a medida representa um desafio adicional num contexto já marcado por dificuldades económicas internas. O Governo angolano ainda não se pronunciou oficialmente sobre as novas tarifas, mas fontes diplomáticas admitem que o assunto deverá ser tratado a nível bilateral nos próximos dias.

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