O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou, numa entrevista à televisão francesa na noite de quarta-feira (26/3), que acredita que viverá mais tempo do que o seu homólogo russo, Vladimir Putin, e que o líder do Kremlin teme perder o poder.
“O que ele teme é perder seu poder. É uma questão de estabilidade da sociedade, mas também depende de sua idade. Ele vai morrer em breve, isso é um fato, e tudo estará acabado. É disso que ele tem medo. Acho que ele também tem medo de ficar sozinho. Putin quer ficar no poder até morrer”, disse Zelensky.
Sem apresentar detalhes sobre sua crença na morte iminente de Putin, o líder ucraniano reavivou especulações sobre a saúde do presidente russo, que em 2022 foi alvo de rumores sobre um possível tratamento contra o câncer, nunca confirmados oficialmente.
Relação com a Otan e desconfiança nos russos
Na entrevista, Zelensky defendeu a adesão da Ucrânia à NATO, afirmando que a aliança militar ocidental é “a única garantia sólida de segurança” para o país. Ele também comentou a trégua temporária na guerra, indicando que, nas 24 horas anteriores, tanto russos quanto ucranianos evitaram ataques a infraestruturas energéticas.
No entanto, o presidente ucraniano manifestou ceticismo em relação à Rússia: “Ninguém acredita nos russos, não sabemos se isso será constante”, disse.
Pouco antes da entrevista, Zelensky encontrou-se com o presidente francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, para discutir a guerra e preparar a cúpula desta quinta-feira (27/3), em Paris, onde líderes ocidentais debaterão os próximos passos do conflito.
Críticas aos EUA e ao “Sul Global”
Ao comentar a postura dos Estados Unidos, Zelensky foi cauteloso ao falar do presidente Donald Trump, mas criticou abertamente Steve Witkoff, enviado da Casa Branca para tratar do conflito. Witkoff gerou controvérsia ao afirmar que Putin “não é um mau sujeito”.
“Witkoff cita a narrativa do Kremlin com bastante frequência. E não acho que isso nos deixará mais próximos da paz. Infelizmente, acho que isso enfraquecerá a pressão americana sobre a Federação Russa”, declarou Zelensky.
O presidente ucraniano também lamentou a influência da propaganda russa sobre o “Sul Global”, grupo de países que inclui o Brasil. Ele afirmou que essas nações não isolaram Putin e continuaram a manter contato com ele, o que, na sua visão, acabou por ajudá-lo.
