O Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, dissolveu esta quarta-feira oficialmente a Assembleia da República e convocou eleições legislativas antecipadas para o próximo dia 18 de maio de 2025, oficializando o anúncio que fez no dia 13 de março, após a queda do governo liderado por Luís Montenegro, do Partido Social Democrata (PSD), na sequência de uma moção de confiança chumbada no Parlamento.

A crise política foi desencadeada por alegações de conflito de interesses envolvendo o Primeiro-Ministro, relacionadas com uma empresa de consultoria de proteção de dados da qual familiares seriam beneficiários. Montenegro negou qualquer ilegalidade e já anunciou que se recandidatará nas eleições, garantindo que está preparado para continuar a liderar o país.
Esta será a terceira eleição legislativa realizada em Portugal num espaço de pouco mais de três anos, refletindo um clima de instabilidade política que tem marcado a governação portuguesa. O Presidente Marcelo justificou a dissolução do Parlamento com a necessidade de devolver a palavra ao povo e permitir a formação de um governo estável e duradouro.
As sondagens mais recentes apontam para uma disputa renhida entre o PSD de Montenegro e o Partido Socialista, agora na oposição, com ambos a rondar os 30% das intenções de voto. O partido de extrema-direita Chega mantém-se como a terceira força política, embora com um ligeiro recuo em relação ao desempenho nas últimas eleições.
Apesar da instabilidade no plano político, Portugal tem apresentado indicadores económicos positivos. O país registou um crescimento superior à média da União Europeia, conseguiu reduzir significativamente a dívida pública e atingiu um excedente orçamental histórico. Contudo, analistas alertam para os riscos de uma nova paralisia política, num momento em que se exige estabilidade para consolidar os ganhos económicos.
A realização de eleições antecipadas traz também à tona o desafio da participação eleitoral. Embora as últimas eleições tenham registado um aumento na afluência às urnas, especialmente entre os eleitores mais jovens, especialistas receiam que a repetição de idas às urnas num curto espaço de tempo possa conduzir a uma maior abstenção.
Marcelo Rebelo de Sousa apelou à responsabilidade dos partidos e dos eleitores, sublinhando a importância deste momento para o futuro do país. “O que está em causa é a estabilidade, a governabilidade e a confiança nas instituições democráticas”, afirmou o Chefe de Estado de Portugal.