Após quase vinte anos de presença no mercado angolano, a gigante russa da mineração de diamantes Alrosa concluiu oficialmente as suas operações em Angola, marcando o fim de uma parceria estratégica que durante muitos anos foi considerada um dos pilares da indústria diamantífera nacional.
A empresa chegou a Angola nos anos 2000 com grandes expectativas, atraída pelo potencial do país, rico em recursos naturais, especialmente diamantes. Em associação com a empresa estatal angolana Endiama, a Alrosa participou na exploração de diversos depósitos diamantíferos, destacando-se a Mina de Catoca, uma das maiores do mundo na produção de diamantes.
O encerramento desta colaboração ocorre num momento de transformações na indústria, mas, segundo fontes ligadas ao setor, não deverá comprometer a produção nacional de diamantes. A Mina de Catoca, apesar da saída da empresa russa, continuará em operação, com planos já em curso para sua transição de exploração a céu aberto para exploração subterrânea, caso se revele necessário.
“Negociações não são um mar de rosas, mas decorreram com responsabilidade”, indicou um responsável durante uma declaração pública, sublinhando que a saída da Alrosa foi tratada de forma estruturada e sem comprometer a estabilidade da indústria.
Apesar do impacto simbólico da saída da Alrosa, Angola mantém-se determinada em impulsionar o setor, tendo já atraído novos investidores, como a multinacional britânica Rio Tinto. As previsões apontam para um aumento da capacidade de produção até 2026, o que, segundo os responsáveis do setor, poderá levar ao reforço de quadros ao invés de cortes de pessoal.
O fim da presença da Alrosa em Angola assinala o encerramento de um capítulo importante na mineração de diamantes do país, mas abre igualmente novas oportunidades de investimento e modernização. Num contexto de desafios internos e pressões globais, o setor diamantífero angolano procura adaptar-se, manter a sua posição estratégica e continuar a ser um dos maiores exportadores de diamantes do mundo.