A dor e o desespero tomaram conta da família de Johnny Martins, um jovem de 33 anos que exercia a profissão de motorista de táxi por aplicativo em Luanda. Após duas semanas desaparecido, o corpo de Johnny foi finalmente identificado pela família, que não esconde a revolta e a tristeza diante das circunstâncias da sua morte.

Segundo relatos dos familiares, Johnny desapareceu após aceitar uma corrida com destino ao Zango, partindo da zona do Patriota. Desde então, a sua ausência gerou uma mobilização intensa por parte de familiares e amigos, que recorreram a todos os meios possíveis para o encontrar. “A procura era intensa, mesmo usando todos os recursos disponíveis”, contou um familiar.
O corpo de Johnny foi encontrado numa das praias da província do Bengo, em avançado estado de decomposição. Foi reconhecido apenas pelas vestes, um anel e algumas particularidades físicas. De acordo com os relatos da família, tudo indica que Johnny foi brutalmente espancado, torturado e posteriormente atirado ao mar com sinais de ter sido amarrado, como se fosse um criminoso.
“Fomos para a morgue de Maria Pia para reconhecer um corpo que estava irreconhecível”, disse um familiar emocionado. “O meu marido foi espancado, foi torturado e foi jogado no mar amarrado.”
O corpo foi encontrado no dia 27 do mês passado, mas só sexta-feira, 7 de março que a família teve conhecimento da localização, depois de múltiplas visitas a morgues sem sucesso. “Foram duas semanas com pensamento positivo, com esperança de encontrar o Johnny vivo”, lamentou um dos familiares.
A dor da perda é agravada pelo sentimento de impotência e de injustiça. A esposa de Johnny, em prantos, descreveu o sofrimento diário dos filhos que continuam à espera do pai. “Os meus filhos todos os dias perguntam pelo pai. Vão sempre verificar no parque o carro do papá. Todos os dias o meu bebé diz: ‘Quero ir no papá’”, desabafou.
A tragédia reacende o debate sobre a segurança dos motoristas por aplicativo em Angola, especialmente em zonas com histórico de violência e criminalidade. A família exige agora uma investigação séria e célere por parte das autoridades, e clama por justiça. “Carro nada. Pagaram vida”, resume a indignação.
Até ao momento, não há informações sobre suspeitos ou detenções ligadas ao caso. A família espera que a morte de Johnny Martins não seja apenas mais uma a ficar impune.