Sábado, 22 de Março, 2025

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Macron sublinha necessidade de garantias para paz estável e duradoura para a Ucrânia

O Presidente francês, Emmanuel Macron, sublinhou esta segunda-feira perante o homólogo norte-americano, Donald Trump, a necessidade de “garantias” para a Ucrânia alcançar uma paz “estável e duradoura” com a Rússia.

Macron sublinha necessidade de garantias para paz estável e duradoura para a Ucrânia

Macron falava à margem de um encontro com Trump na Casa Branca, no dia em que se assinalam três anos sobre o início da invasão russa, e enquanto decorrem contactos diretos entre Washington e Moscovo sobre um acordo de paz na Ucrânia, dos quais foram excluídos o bloco europeu e Kiev.   

Em declarações à imprensa na Sala Oval da Casa Branca, Macron definiu como “objetivo comum, claramente, construir a paz, uma paz sólida e duradoura”, com “grande respeito pela coragem e resiliência do povo ucraniano”.

“Partilhamos o objetivo da paz, mas estamos muito conscientes da necessidade de garantias para alcançar uma paz estável que permita que a situação estabilize”, acrescentou.

Na última semana, Trump adotou uma postura conciliatória em relação à Rússia e crítica em relação à Ucrânia e em particular ao seu Presidente, Volodymyr Zelesnsky.

Horas antes do encontro, os Estados Unidos votaram ao lado da Rússia e de aliados deste país como a Bielorrússia, contra uma resolução não vinculativa da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) exigindo o fim das hostilidades na Ucrânia e reafirmando a soberania, independência, unidade e integridade territorial ucraniana.

A resolução em causa, apresentada pela Ucrânia e pela União Europeia, foi ainda assim aprovada com 93 votos a favor, 18 contra e 65 abstenções.

O texto europeu, que contou com o voto a favor de Portugal, reitera a exigência para que a Rússia retire imediata, completa e incondicionalmente todas as suas forças militares da Ucrânia e pede uma resolução pacífica para a guerra na Ucrânia.

Na Casa Branca, onde Trump monopolizou quase por completo as respostas à imprensa durante meia hora, o Presidente francês disse estar a participar no encontro como “amigo”, sublinhando que os dois países são aliados há séculos e que também tem uma relação de “amizade pessoal” com Trump, com quem trabalhou “muito bem” no passado, incluindo durante o seu primeiro mandato (2017-2021).

Falando em nome da Europa, Macron disse que o continente estava pronto para “dar um passo em frente para ser um parceiro mais forte” na defesa e na segurança, em linha com o pedido de Trump.

Apesar do tom cordial do encontro, com sorrisos, apertos de mão e um Trump que disse “adorar” a língua francesa, ambos os líderes tiveram um pequeno desentendimento no final do encontro quando Trump disse que a Europa dá à Ucrânia a sua ajuda sob a forma de “empréstimos” que são depois recuperados.

Macron, depois de lhe tocar levemente no braço, ressalvou: “Na verdade, para ser franco, pagámos 60%. Pagámos 60% da dívida total”.

Explicou ainda que parte dos fundos europeus destinados à Ucrânia provêm dos 30 mil milhões de euros de ativos russos congelados na Europa, ao que Trump respondeu: “Se acredita nisso, para mim está tudo bem”.

Embora Trump tenha afirmado que os Estados Unidos prestaram mais ajuda à Ucrânia do que a Europa, os dados mostram o contrário.

Os países europeus, incluindo a União Europeia, atribuíram um total de 132 mil milhões de euros, enquanto Washington atribuiu 114 mil milhões de dólares em assistência total, abrangendo a ajuda humanitária e militar. No entanto, os Estados Unidos superaram a Europa no fornecimento de ajuda militar, de acordo com dados oficiais.

O Presidente norte-americano mostrou-se confiante de que o conflito na Ucrânia pode terminar “dentro de semanas” e disse estar convencido de que Putin aceitará a presença de forças militares europeias na Ucrânia, no âmbito de um eventual acordo de paz.

“Acho que a guerra pode acabar em breve. Dentro de semanas. Acho que sim. Acho que podemos acabar com ela em semanas se formos inteligentes. Se não formos inteligentes, ela vai continuar e continuaremos a perder pessoas jovens e bonitas que não deveriam estar a morrer. E não queremos isso”, disse Trump.

Trump anunciou que Zelensky deverá visitar a Casa Branca ainda esta semana ou na próxima semana.

“Gostaria de me encontrar com ele na Sala Oval. Estamos a trabalhar no acordo, estamos muito perto de um acordo final, que incluirá terras raras (minérios) e outras coisas. Gostaria que ele viesse aqui para o assinar”, disse Trump.

O anúncio da visita de Zelensky à Casa Branca surge no meio de escalada de tensão entre Kiev e Washington e depois de o Presidente norte-americano ter chamado Zelensky de “ditador não eleito”.

Questionado sobre se também chamaria ao Presidente russo, Vladimir Putin, de ditador, Trump respondeu que não usa essas palavras com ligeireza.

Lusa

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