A consultora Oxford Economics estima que a inflação em Moçambique deverá subir de 3,1% este ano para 5,4% em 2025, impulsionada não só pelos fenómenos climáticos, mas também pelos impactos da violência pós-eleitoral.
“A inflação vai provavelmente enfrentar pressões ascendentes em 2025 devido aos efeitos adversos do recente El Nino, constrangimentos nas cadeias de fornecimento e distribuição, devido às perturbações a seguir às eleições, e a um aumento das despesas de capital”, lê-se no comentário, a que a Lusa teve hoje acesso, desta consultora britânica aos mais recentes números da inflação em Moçambique.
Os preços em Moçambique subiram 0,72% em novembro face a outubro, registando uma inflação homóloga de 2,84%, maior do que em outubro, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Trata-se da terceira subida mensal consecutiva, depois de os preços terem registado quatro meses de deflação: 0,11% em agosto, 0,05% em julho, 0,21% em junho e 0,38% em maio.
Já a inflação homóloga, que compara com o mesmo mês de 2023, registou em novembro uma taxa de 2,84%, quando em outubro foi 2,68% e em setembro de 2,45%.
No início de dezembro, o banco central de Moçambique avisou que os preços deviam continuar a aumentar devido às consequências da tensão pós-eleitoral no país.
O relatório de Conjuntura Económica e Perspetivas de Inflação (CEPI) indica que a inflação em Moçambique “manteve-se estável em outubro”, apesar de um ligeiro aumento para 2,68%, mas “as perspetivas de curto prazo apontam para uma aceleração da inflação anual no quarto trimestre de 2024”.
“Esta previsão decorre, essencialmente, das restrições no fornecimento de bens e serviços decorrentes da tensão pós-eleitoral”, lê-se no relatório.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, desencadeou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
“As nossas projeções já têm vindo a incorporar esses riscos, essas incertezas”, garantiu o governador do Banco de Moçambique.
Esta onda de contestação acontece em Moçambique desde 21 de outubro, com as atividades económicas fortemente condicionadas, com protestos pós-eleitorais que até se alastram ainda à principal fronteira do país, Ressano Garcia, com a África do Sul.
Lusa