Quinta-feira, 12 de Dezembro, 2024

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Brasil realiza duas operações contra traficantes associados à máfia italiana

A Polícia Federal brasileira realizou hoje duas operações contra grupos criminosos do sul e do sudeste do país suspeitos de atuarem em parceria com máfias italianas para enviar drogas para a Europa e de outros crimes como branqueamento de capitais.

Brasil realiza duas operações contra traficantes associados à máfia italiana

Uma das ações, chamada Operação Mafiusi, envolveu o grupo criminoso brasileiro Primeiro Comando da Capital (PCC) e a máfia italiana ‘Ndrangheta’.

Segundo um comunicado da Polícia Federal, no Brasil foram detidas nove pessoas suspeitas de integrarem uma rede internacional de narcotráfico e branqueamento de dinheiro.

As autoridades italianas confirmaram, por sua vez, pelo menos cinco prisões por ordem do Ministério Público Antimáfia, no norte da Itália, de acordo com a Efe.

A Operação Mafiusi é resultado de uma colaboração entre autoridades brasileiras, italianas e espanholas e contou com o apoio da Eurojust, da Europol e da Interpol.

No Brasil, foram emitidos nove mandados de detenção e 31 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Roraima.

Os investigadores informaram que descobriram uma rede complexa que enviava cocaína, principalmente, através do porto de Paranaguá, no estado do Paraná, região sul Brasil, para a Europa.

A autoridade policial brasileira destacou ainda que essa ação é um desdobramento de investigações contra um núcleo do PCC ligado aos mafiosos italianos que enviavam carregamentos de cocaína para a Europa através do porto de Paranaguá.

Além do tráfico de drogas, os suspeitos estariam envolvidos num complexo esquema de branqueamento de capitais, movimentando, entre os anos de 2018 e 2022, dois mil milhões de reais (314 milhões de euros na cotação atual) entre empresas e contas bancárias fantasmas, além de adquirirem bens e realizarem transações fraudulentas.

O porto de Paranaguá era o principal ponto de saída das drogas e o porto de Valência, em Espanha, o de chegada ao território europeu.

A droga era transportada principalmente pelo método “RIP ON — RIP OFF”, ou seja, saía do país sul-americano em contentores com cargas legais de cerâmica, louça sanitária ou madeira.

Além do transporte marítimo, os criminosos também usavam aeronaves privadas para enviar cocaína para a Bélgica, onde membros da organização retiravam a droga antes da fiscalização nos aeroportos.

A Polícia Federal brasileira também deu conta, num outro comunicado emitido hoje, da realização da Operação Conexão Paraíba, no nordeste do país, para deter suspeitos de envolvimento com a máfia italiana que terão cometido crimes de tráfico de drogas e branqueamento de dinheiro.

De acordo com a autoridade policial, nesta outra operação foram emitidos 16 mandados de busca e apreensão criminal nos estados da Paraíba, do Rio Grande do Norte, Pernambuco, São Paulo e Paraná e oito mandados de detenção, além de outras determinações judiciais para o bloqueio de valores bancários e o sequestro de bens móveis e imóveis.

Os investigados estariam a enviar grandes carregamentos de cocaína para a Europa em contentores com cargas lícitas com destino a portos europeus. A organização criminosa terá também utilizado aeronaves privadas para transporte aéreo de drogas para aeroportos na Europa.

A operação Conexão Paraíba foi um desdobramento de investigações que datam de 2019, iniciadas após a prisão de dois integrantes da máfia italiana na cidade de João Pessoa, capital regional da Paraíba.

A partir dessas prisões, foram identificados vínculos entre indivíduos e organizações locais com a estrutura internacional do crime organizado.

Estima-se que, entre 2018 e março de 2024, o alegado grupo criminoso movimentou aproximadamente sete mil milhões de reais (1,1 mil milhões de euros) em transações financeiras ilegais.

De acordo com as autoridades brasileiras, esses valores foram branqueados através de uma rede de empresas e contas bancárias utilizadas para ocultar e dissimular a origem ilícita dos recursos.

Lusa

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