Pelo menos oito pessoas foram detidas e dois edifícios estatais foram destruídos hoje durante manifestações e paralisações de contestação dos resultados das eleições de outubro, afirmaram as autoridades policiais moçambicanas.
Em conferência de imprensa, em Maputo, no terceiro dia de uma semana de manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, a polícia moçambicana indicou que uma conservatória de notariado e um edifício do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) foram vandalizados e destruídos com recurso a bombas de fabrico caseiro.
Os números apresentados pelo porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) Orlando Mudumane indicam que outras duas residências foram igualmente destruídas por manifestantes.
A polícia moçambicana denunciou igualmente um suposto plano do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), que apoia a candidatura de Venâncio Mondlane, para atacar e vandalizar, sábado, unidades policiais e estabelecimentos penitenciários com o objetivo de se “apoderar do material bélico e retirar reclusos para engrossar os grupos que praticam ações subversivas”.
“As Forças de Defesa e Segurança [FDS] alertam que tais premeditados ataques e vandalizações merecerão uma devida reação à medida dos factos e nos termos da lei”, indicou Mudumane.
Pelo menos 88 pessoas morreram e 274 foram baleadas durante as manifestações e paralisações de contestação aos resultados eleitorais desde 21 de outubro, indicou hoje a organização não-governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide.
De acordo com o relatório divulgado por aquela plataforma de monitorização eleitoral moçambicana, envolvendo outras ONG como o Centro de Integridade Pública (CIP), o Centro para a Democracia e Direitos Humanos (CDD) e a Amnistia Internacional, com dados até 04 de dezembro, há ainda registo de 3.450 detidos neste período.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou para uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, de 04 a 11 de dezembro, em “todos os bairros” de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel das 08:00 às 16:00 (hora local).
“Todos os bairros em atividade forte”, disse Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane e que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
Lusa