A moeda chinesa, o renminbi, caiu hoje para o valor mais baixo desde o início de agosto, face ao dólar norte-americano, depois de o candidato republicano Donald Trump ter vencido as eleições nos Estados Unidos.
O forte movimento da taxa de câmbio não se deve tanto à fraqueza do renminbi, mas à forte subida do dólar, que reflete os efeitos de uma segunda presidência do ex-presidente, que prometeu baixar os impostos e subir as taxas sobre as importações: no caso da China, até 60%.
A taxa de câmbio ‘offshore’, que reflete as transações nos mercados internacionais como Hong Kong, era de 7,1980 yuan (nome também dado à moeda chinesa) por um dólar, às 10:30 locais (02:30, em Lisboa). A moeda chinesa perdeu cerca de 1,5% do seu valor face à moeda norte-americana desde a manhã de quarta-feira, quando começaram a ser conhecidos os primeiros resultados das eleições.
Trata-se também de uma descida de 3,17% em relação ao seu último pico, que foi atingido depois de Pequim anunciar um pacote de estímulos económicos, no final de setembro.
É também a primeira vez que o renminbi desceu abaixo das 7 unidades face ao dólar, pela primeira vez desde maio de 2023.
A taxa de câmbio ‘onshore’, que reflete as transações nos mercados domésticos, acumulou uma queda de 1,07%, desde a manhã de quarta-feira, e de 2,34%, face ao seu pico mais recente, que remonta igualmente ao final de setembro. Nessa altura, estava a ser negociada a cerca de 7,1782 por dólar.
O Banco Popular da China (PBOC, banco central) reduziu hoje em 0,93%, para 7,1659 yuan por dólar, a taxa de câmbio oficial que fixa todos os dias e que é fundamental para a cotação da taxa ‘onshore’, que só pode oscilar num intervalo máximo de 2%.
Uma das possíveis manobras de Pequim, no caso de Trump agravar as taxas sobre produtos chineses, é precisamente permitir a desvalorização do renminbi, o que tornaria mais atrativa as importações chinesas com moedas mais fortes.
As relações entre as duas potências deterioraram-se drasticamente durante a primeira presidência de Trump (2017-2021), com disputas no comércio, diplomacia e tecnologia. Com Joe Biden na Casa Branca, a tensão manteve-se, alimentada pela questão de Taiwan e restrições às exportações para a China de semicondutores e outras tecnologias-chave.
Lusa