O Governo angolano está a investir mais de 7 mil milhões de dólares (6,4 mil milhões de euros) em projetos para o abastecimento de água às populações e para o combate à seca no país, disse hoje fonte governamental.
A informação foi transmitida pelo ministro da Energia e Águas de Angola, João Baptista Borges, dando nota que, só no domínio de projetos de abastecimento de água em todo o país, foram já investidos mais de 3 mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros).
“No domínio do combate à seca temos um orçamento global de cerca de 4 mil milhões de dólares”, disse, adiantando que, neste momento, está a ser executado o projeto no Cunene, província do sul de Angola, que inclui “a construção do Canal do Cafu e de outras infraestruturas para o fornecimento de água à população e ao gado”, no valor de 900 milhões de dólares.
“São investimentos avultados”, disse o ministro à Lusa, salientando que os investimentos para o abastecimento de água e combate à seca, juntos, totalizam 7 mil milhões de dólares.
Falando no final da visita a vários projetos estruturantes que visam reduzir o défice de abastecimento de água em Luanda, como os projetos do Quilonga Grande, em construção no município do Icolo e Bengo, e Bita, em construção no município de Belas, o ministro assegurou que as obras devem estar concluídas em março de 2026.
São os dois maiores projetos de água em construção e que “vão cobrir o défice de abastecimento de água a Luanda”, referiu o governante angolano, assegurando que estes vão dar origem a milhares de ligações domiciliárias e redes de distribuição.
O projeto Quilonga, em construção na margem do Rio Kwanza, deve cobrir os municípios do Icolo e Bengo, Cacuaco e Viana, e o Bita a zona sul da capital angolana, que, segundo a empresa pública de águas, conta atualmente com um défice diário de 1,2 milhões de metros cúbicos de água, o dobro da atual produção, para responder a necessidade de consumo dos 10 milhões de habitantes.
Baptista Borges considerou ambos os projetos bastante importantes, observando que o objetivo do Governo “é eliminar o comércio informal de água em Luanda e, com isso, disponibilizar água para a maior parte da população”.
“Neste momento, o défice de abastecimento de água em Luanda é mais de 50%, por essa razão é que vemos camiões-cisternas a circularem por todo o lado e as pessoas que vivem nos novos bairros a comprar água em camiões-cisternas, inclusive temos condomínios do sul de Luanda que não têm água”, frisou.
O ministro angolano, que, juntamente com o governador de Luanda, visitou projetos em construção nos municípios de Icolo e Bengo, Viana, Belas e Talatona, onde avaliou com os técnicos e empreiteiros os níveis de execução e o grau de implementação dos mesmos, disse não existirem “constrangimentos de maior”.
“Há algumas questões técnicas que têm estado a ser tratadas, enfim, há ainda algumas decisões a nível de execução de projetos, mas que estão a ser tratados dentro do tempo previsto e não há razões para preocupações”, garantiu.
Em declarações aos jornalistas, no final da sua jornada de campo, João Baptista Borges exortou as populações que vivem ou tenham terrenos nas imediações do traçado das condutas de água em construção, sobretudo no projeto do Bita, a não colocarem entraves no andamento das obras.
“Não reivindiquem os espaços a troco de indemnizações, colocando muitas vezes dificuldades no andamento dos trabalhos. Nós estamos disponíveis para dialogar com toda a gente que se sinta prejudicada, por eventual ocupação de espaço, mas temos de ter um espírito colaborativo para que os projetos não parem ou sejam suspensos por litígios”, concluiu o governante.
Lusa