Luanda — O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitará Angola em outubro, numa missão que pode marcar um novo capítulo na cooperação económica entre os dois países. A Casa Branca anunciou nesta terça-feira (24) que o presidente estará em Luanda entre 13 e 15 de outubro para se reunir com o presidente angolano, João Lourenço, numa tentativa de estreitar os laços comerciais e impulsionar os investimentos americanos em Angola. Antes, o Presidente norte-americano visitará, no dia 10 de outubro, a Alemanha para conversar sobre a Ucrânia e a NATO.
A visita de Biden a Angola ocorre num momento estratégico para ambas as nações. Angola, uma das maiores economias da África Subsaariana e importante produtor de petróleo, busca diversificar sua economia e atrair investimentos estrangeiros em setores como energia renovável, infraestruturas e tecnologia. Para os Estados Unidos, Angola representa uma oportunidade significativa de expansão económica e de reforço de sua influência no continente africano, num contexto de concorrência com a China e a Rússia, que têm aumentado sua presença na região.
Angola como parceiro estratégico no setor energético
A visita de Biden é vista como uma oportunidade para aprofundar as relações bilaterais, com o petróleo e o gás natural no centro das discussões. Angola tem sido um importante fornecedor de petróleo para o mercado global, e os Estados Unidos têm interesse em garantir parcerias energéticas estáveis num cenário global de transição energética e aumento das preocupações com a segurança energética. No entanto, os dois líderes também devem discutir o futuro do setor energético, com foco no desenvolvimento de energias limpas e renováveis.
Biden deverá propor iniciativas que incentivem empresas americanas a investirem em projetos de energia sustentável em Angola, ajudando o país a diversificar sua economia e reduzir a dependência do petróleo. Isso incluirá parcerias no desenvolvimento de infraestruturas, como parques solares e eólicos, além de investimentos em tecnologias que possam modernizar o setor energético do país.
Atração de investimentos americanos para outros setores
Embora o petróleo seja um dos pilares da economia angolana, o governo de João Lourenço tem implementado reformas com o objetivo de atrair investimentos estrangeiros para outros setores, como agricultura, indústria, turismo e tecnologia. A visita de Biden pode catalisar esse movimento, oferecendo a Angola uma plataforma para promover o país como um destino atrativo para empresas americanas.
O governo Biden tem procurado expandir a presença económica dos Estados Unidos em mercados emergentes, e Angola, com sua estabilidade política crescente e reformas económicas, surge como um parceiro de destaque na África. Espera-se que a visita fortaleça as negociações sobre acordos comerciais e de investimento, que podem abrir portas para empresas americanas em setores como a construção de infraestruturas, telecomunicações e manufatura.
Além disso, o aumento do envolvimento das empresas americanas em Angola poderá criar oportunidades de emprego e fomentar o crescimento económico local, contribuindo para a redução das desigualdades sociais no país. Angola poderá, assim, beneficiar de uma transferência de tecnologia e conhecimento, elementos fundamentais para modernizar sua economia.
Impacto para o setor privado e pequenas e médias empresas
A visita de Biden também poderá ser benéfica para pequenas e médias empresas (PMEs) angolanas, que podem ganhar acesso a novos mercados e tecnologias através da cooperação com empresas americanas. O governo de João Lourenço tem focado na criação de um ambiente mais favorável para o setor privado, e os Estados Unidos, por sua vez, têm programas que incentivam o desenvolvimento de PMEs em mercados emergentes.
A assinatura de possíveis acordos de cooperação económica entre os dois países pode facilitar o acesso de empresas angolanas ao capital estrangeiro, promovendo a criação de novos negócios e a expansão dos já existentes. Além disso, as empresas americanas, com sua experiência em inovação e empreendedorismo, podem ajudar Angola a desenvolver cadeias de valor mais eficientes, aumentando a competitividade do país no mercado global.
Aliança estratégica e a nova dinâmica global
A visita de Biden a Angola insere-se em um contexto global em que os Estados Unidos procuram consolidar parcerias estratégicas na África, em meio à crescente influência da China e da Rússia no continente. Com a visita, Biden pretende mostrar que os Estados Unidos estão comprometidos com o desenvolvimento sustentável de Angola e da África em geral, oferecendo uma alternativa às potências asiáticas e europeias.
Ao focar na cooperação económica, Biden envia uma mensagem clara de que o futuro das relações EUA-África passará pela criação de oportunidades de desenvolvimento mútuo, com investimentos que beneficiem não só as economias locais, mas também o posicionamento dos Estados Unidos no cenário global.
Para Angola, a aproximação com os Estados Unidos traz a possibilidade de atrair capital estrangeiro de qualidade, que contribua para o crescimento sustentável e para a criação de empregos, ao mesmo tempo que fortalece sua presença no comércio internacional.