O antigo Presidente moçambicano Armando Guebuza considerou hoje “ingenuidade” exigir a “redistribuição de riqueza” com apenas 50 anos de independência do país, assinalando que recursos como gás natural ainda estão no “fundo do mar”.
“O gás ainda está no fundo do mar, não sejamos ingénuos, querem meter-nos na confusão, como a que está a acontecer em Cabo Delgado”, província do norte de Moçambique rica em gás natural e palco de ataques terroristas desde 2017, declarou o antigo chefe de Estado.
O antigo Presidente moçambicano, que dirigiu o país entre 2005 e 2010, falava numa palestra sobre “Progressos e Desafios do Moçambique Contemporâneo”, alusiva ao Dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, que se assinala em 25 de setembro.
“Moçambique acaba de ser independente hoje” e “é impossível exigir a redistribuição de riqueza”, frisou.
Guebuza criticou a “existência de claques” que apoiam políticas redistributivas num país que ainda está em desenvolvimento.
O ex-chefe de Estado considerou o alcance da independência, em 25 de junho de 1975, como uma jornada e não um fim, porque foram lançados os alicerces para a dignidade e o bem-estar do povo moçambicano.
Guebuza realçou a importância da consolidação da unidade nacional, capitalizando a diversidade social e cultural do país, bem como a manutenção da paz.
“A unidade nacional não deve ser apenas por palavras, por discursos, deve ser através de atos e prática”, enfatizou.
O país, prosseguiu, deve centrar as suas ações na luta contra os desafios atuais, depois de a gesta libertária que lutou contra o colonialismo português ter conseguido a independência há 50 anos.
“Precisamos de avançar mais do que já avançámos (….). Temos que proteger os nossos interesses nacionais”, enfatizou.
O ex-Presidente moçambicano defendeu a implementação de políticas públicas que garantam saúde, educação, energia e água, notando que “não há dignidade na miséria”.
Por outro lado, é fundamental lutar pela inviolabilidade da integridade territorial do país, dado que a soberania é necessária para a promoção do desenvolvimento social e económico, prosseguiu.
“O nosso desenvolvimento deve ser inclusivo, beneficiando todos os moçambicanos e todas as moçambicanas, das cidades e das zonas rurais”, realçou.
Armando Guebuza apelou aos jovens para não perderem tempo culpando as gerações mais velhas pelos problemas do país e para arregaçarem as mangas na luta contra os desafios atuais e reais.
“Lamentar-se e culpar os mais velhos anima (….). A gesta libertária do país também poderia ter sido fatalista e renunciado à luta pela independência”, destacou Guebuza, um histórico da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder e que fez a luta armada contra o colonialismo português.
Lusa