Um escândalo de corrupção de grandes proporções está abalando a Polícia Nacional de Angola. O ex-diretor adjunto do Serviço de Investigação Criminal (SIC), subcomissário Samuel Ramos Peso, e seu comparsa superintendente-chefe Alberto Amadeu Gonçalves “Suana”, foram levados a julgamento por desviarem 13 veículos apreendidos durante investigações criminais.
Segundo a acusação, entre 2014 e 2016, os dois homens, aproveitando-se de suas posições de poder, montaram um esquema para desviar veículos que eram apreendidos pela polícia. Os carros eram, em seguida, vendidos no mercado negro, e os lucros divididos entre os envolvidos.
Modus operandi:
A investigação revelou que os acusados agiam de forma sistemática. Após a apreensão dos veículos, eles alteravam os documentos e os processos relacionados, dificultando o rastreamento dos veículos. Em alguns casos, os processos eram enviados para o Departamento Central de Crimes contra a Propriedade em Luanda, onde eram arquivados ou perdidos.
Na sala de julgamento do Tribunal Supremo, familiares, amigos e colegas ouviram mais uma vez a leitura da acusação feita pelo magistrado do Ministério Público. A acusação detalhou os fatos ocorridos entre 2014 e 2016, quando o arguido Samuel Ramos Peso ocupava o cargo de diretor adjunto do SIC na Huíla e, em companhia de Alberto Amadeu Gonçalves Suana, desviava viaturas apreendidas pelo SIC no âmbito de processos criminais.
Os fatos apontam que, em 2017, Samuel Ramos Peso foi promovido a subcomissário de investigação e nomeado diretor provincial do SIC em Malanje. Figurava como arguido preso no processo crime em alusão o cidadão Eurico Fausto Chimala, pela prática dos crimes de furto de veículo e falsificação de documentos. Nessa ocasião, o arguido Alberto Suana emitiu um mandado de busca e apreensão que resultou na apreensão de cinco veículos com entrada ilegal no país.
Um ano depois, em 2018, o arguido Alberto Suana foi condenado a quatro anos de prisão e ao pagamento de uma indemnização ao Estado no valor de 4 milhões de kwanzas, em um processo relacionado aos crimes anteriores.
Segundo a acusação, os arguidos, em conjunto com Valdemar João, agiam de forma organizada e cada um tinha uma função específica. Após a apreensão dos veículos, Alberto Suana e Samuel Peso desviavam os melhores veículos e os respectivos processos, enviando-os, por vezes, diretamente para o Departamento Central de Crimes contra a Propriedade em Luanda.
Ao todo, foram desviadas 13 viaturas, sendo oito vendidas e cinco ainda não localizadas. Do total de 20 declarantes arrolados ao processo, oito compareceram no primeiro dia de sessão.
Impacto na sociedade
Este caso tem um impacto significativo na sociedade angolana, minando a confiança da população nas instituições públicas. A polícia, que deveria ser uma força de segurança e proteção, é agora vista por muitos como parte do problema. A corrupção generalizada prejudica a luta contra a criminalidade e alimenta a sensação de impunidade.
Consequências para os envolvidos
Os acusados enfrentam penas de prisão e multas pesadas. Além disso, as suas carreiras na polícia estão arruinadas. O caso também pode levar à abertura de outros inquéritos, à medida que as investigações se aprofundam e novas evidências surgem.