Quinta-feira, 10 de Outubro, 2024

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Jovens guineenses em busca do “sonho americano”

A Guiné Equatorial, outrora imune ao êxodo em massa que assola outros países africanos, enfrenta agora uma nova realidade. A crise económica que se abateu sobre o país nos últimos dez anos tem impulsionado milhares de jovens a procurar uma vida melhor além-mar, principalmente nos Estados Unidos.

“Estou a ir para os Estados Unidos, para fazer qualquer trabalho. Não é difícil encontrar trabalho lá”, confidencia Paciencia Mangue, de 32 anos, refletindo o sentimento de muitos jovens guineenses.

A falta de oportunidades, a corrupção endémica e a repressão política são apontadas como as principais razões que levam os jovens a arriscar tudo numa jornada perigosa rumo à América do Norte. “O que não se consegue encontrar no seu próprio país, encontra-se noutro lugar”, acrescenta Laura Ntogono, uma manicure que sonha em se estabelecer em Los Angeles.

Apesar da ausência de dados oficiais, a emigração de jovens para os Estados Unidos tem vindo a aumentar de forma significativa nos últimos anos. Muitos destes jovens recorrem a rotas clandestinas e perigosas, viajando por países como o Brasil e o México, para alcançar o seu destino.

Manulo, um ex-funcionário público, relata as dificuldades que o levaram a emigrar: “Perdi o meu emprego e, depois de três anos de desemprego, não conseguia pagar as contas. Então, vendi o meu carro e solicitei um visto.” Atualmente, trabalha como cuidador de cães nos Estados Unidos e envia cerca de 500 dólares por mês para a família.

A crise económica, agravada pela queda dos preços do petróleo, tem sido um fator determinante para este êxodo. Com um salário mínimo de apenas 128.000 francos CFA (cerca de 190 euros), muitos jovens guineenses veem nos Estados Unidos a única esperança de um futuro melhor.

“Para encontrar um bom emprego aqui, precisa-se conhecer alguém no poder ou ter um parente entre aqueles que governam o país”, lamenta Paciencia Mangue, referindo-se ao regime autoritário de Teodoro Obiang.

A jornada para os Estados Unidos é longa e arriscada. Além do elevado custo da viagem, os migrantes enfrentam o perigo de serem deportados ou de cair nas mãos de traficantes de pessoas. No entanto, a esperança de uma vida melhor impulsiona milhares de jovens a arriscar tudo.

AFP

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