Domingo, 22 de Dezembro, 2024

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Não há vontade política de reconhecer o Islão em Angola — Conselho Islâmico

O líder do Conselho Islâmico (CIM) de Angola estimou hoje que cerca de 100 mil pessoas professam esta religião no país lusófono, admitindo que ainda não está reconhecida oficialmente por “falta de vontade política”.

Altino da Conceição que falava aos jornalistas em Luanda, à margem de uma palestra sobre as comunidades muçulmanas da CPLP e combate ao extremismo religioso, onde participou a organização congénere de Moçambique, explicou que os muçulmanos pediram pela primeira vez o reconhecimento da sua religião em Angola a 8 de agosto de 1978, sem sucesso até agora, e só em 2018 entraram na lista de confissões religiosas com pedido de reconhecimento.

Ainda assim, o número de crentes tem vindo a aumentar significativamente, afirmou o sheik, indicando que diariamente muitos cidadãos angolanos e estrangeiros se têm vindo a converter e entrar “de forma voluntária” na religião islâmica, estimando que existam quase 200 mesquitas em Angola e serão mais de 100 mil os fiéis muçulmanos no país lusófono.

“Atualmente estamos em vias de reconhecimento, desde 2018 que o islão consta da lista das igrejas que estão em vias de reconhecimento do INAR (instituto para os assuntos religiosos)”, declarou o presidente do CIM Angola.

Na altura, a lista teria 97 igrejas, algumas das quais entretanto reconhecidas e cerca de 20 credenciadas, dando o primeiro passo para o reconhecimento, indicou.

“Estranhamente, nós, os muçulmanos fizemos tudo o necessário, cumprimos todas as exigências da lei, mas até agora infelizmente o governo não se pronuncia sobre a legalização do islão em Angola”, lamentou Altino da Conceição, embora considere que em termos de liberdade religiosa “estamos melhor do que antes”.

“Hoje em dia, talvez fruto da insistência da nossa parte, já não se nota encerramento de mesquitas, ao contrário do que aconteceu no passado”, disse o líder religioso, acrescentando que existem mesquitas abertas em todas as províncias com exceção de uma no Bié.

Afirmou que o exercício do culto tem sido pacifico e que os representantes religiosos têm cumprido todos os passo que a lei exige, salientando que o motivo pelo qual o governo até agora não reconhece  a religião “é abstrato”.

“Isso leva-nos a muitas reflexões, muitas conclusões, não digo que é exatamente receio do terrorismo, se calhar tem outras questões, mas tudo indica que é falta de vontade política, porque do ponto de vista legal fizemos tudo”, realçou.

Do ponto de vista social, “os muçulmanos estão estáveis na sociedade angolana, acredito que seja uma questão política, também gostaríamos de saber por parte das autoridades porque é que nem se pronunciam, não dizem nada”, disse Altino da Conceição.

O presidente do CIM sublinhou ainda que não existe historial de terrorismo em Angola: “Já alguma vez em Angola houve questões, ameaças terroristas dos muçulmanos? Nós não temos nenhum dado que em Angola houve alguma questão terrorista”, enfatizou.

Lusa

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