O Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, admitiu que o país enfrenta problemas na importação de alimentos e combustíveis e pediu a implementação rápida de medidas para superar a situação, avançou a imprensa oficial.
Na sexta-feira, depois de visitar várias províncias no leste de Cuba, Díaz-Canel reconheceu que a situação “tem tido um impacto significativo na economia e na população”.
“Há muita insatisfação, não conseguimos mudar a situação, um grupo importante de indicadores não foi cumprido”, disse.
O chefe de Estado referiu-se especificamente às dificuldades com a importação de alimentos, “porque subiram os preços do frete, subiram os preços dos alimentos”.
“Está a dar-nos mais trabalho adquirir os alimentos do cabaz a tempo, e temos um cabaz montado à base de importação”, explicou, referindo-se ao pacote de alimentos subsidiados a que cada cubano tem direito.
Cuba importa 80 por cento dos alimentos que consome, a um custo que ultrapassa dois mil milhões de dólares (1,85 mil milhões de euros) por ano, segundo estimativas da ONU.
Há mais de dois anos que Cuba vive uma grave escassez de alimentos e medicamentos, assim como frequentes apagões, inflação descontrolada e a crescente influência do dólar norte-americano na economia.
Díaz-Canel assegurou que, nas reuniões que realizou em várias províncias, as análises foram “muito críticas e muito autocríticas”.
“Sei que estamos no meio de uma situação difícil e não adianta explicar as coisas sem que os resultados também estejam aí, principalmente os resultados na mesa [relacionados com a alimentação], mas estou convencido de que vamos ultrapassar esta situação, porque há compreensão, porque há empenho, porque não há derrotismo, porque há vontade de fazer as coisas”, acrescentou.
A crise económica será um dos principais temas que o parlamento cubano vai discutir, numa sessão extraordinária marcada para 25 de maio, assim como numa sessão plenária do Comité Central do Partido Comunista de Cuba (PCC), o partido único, dois dias antes.
Na sessão plenária anterior, realizada em dezembro, Díaz-Canel, que também é o primeiro secretário do PCC, apelou à resolução dos desequilíbrios económicos cubanos, incluindo o monetário.
O líder apontou ainda entre as prioridades a estabilidade da rede nacional de eletricidade, a promoção do turismo e do investimento direto estrangeiro e os projetos e programas existentes, sobretudo os ligados à produção alimentar e outros destinados a melhorar a vida da população.
A economia de Cuba atravessa uma das piores crises das últimas décadas, afetando o turismo que é um setor chave e pesa no Produto Interno Bruto (PIB) da ilha.
Lusa