O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou hoje ligeiramente a previsão de crescimento mundial para 2,8% este ano e 3% em 2024 e prevê que a inflação caia mais lentamente do que o previsto, alertando para a enorme incerteza.
Na atualização das previsões económicas mundiais, divulgadas hoje durante as reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial, a instituição liderada por Kristalina Georgieva assinala que a inflação está a cair lentamente, mas o crescimento económico continua historicamente baixo e os riscos financeiros aumentaram.
No relatório, o FMI prevê que a economia mundial avance 2,8% este ano e 3% em 2024, menos 0,1 pontos percentuais (p.p.) do que em janeiro.
Por outro lado, continua a esperar que a inflação global diminua, mas mais lentamente do que o anteriormente previsto, de 8,7% em 2022 para 7% este ano e 4,9% em 2024.
A inflação global diminuirá, embora mais lentamente do que inicialmente previsto, de 8,7% em 2022 para 7,0% este ano e 4,9% em 2024.
Dando nota de que o impacto dos choques de 2022 ainda se fazem sentir, sublinha a recente turbulência no sistema bancária para considerar que a atual situação é “bastante frágil”.
“Mais de um ano depois da invasão da Ucrânia e o surto de variantes mais contagiosas do COVID-19, muitas economias ainda estão a absorver os choques. O recente aperto das condições financeiras também está a dificultar a recuperação”, refere o relatório.
Segundo o FMI, como resultado, “é provável” que muitas economias registem um crescimento mais lento nos rendimentos em 2023, enquanto se assiste a um aumento do desemprego.
Entre as economias avançadas, contudo, melhora as previsões para a economia norte-americana, para a qual prevê uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,6% este ano e 1,1% em 2024, mais 0,2 p.p. e mais 0,1 p.p. do que em janeiro.
Já em relação à zona euro aponta para um crescimento de 0,8% este ano (mais 0,1 p.p. do que em janeiro) e de 1,4% em 2024 (-0,2 p.p. do que em janeiro).
Para o Japão aponta para uma expansão de 1,3% este ano e 1% em 2024.
Entre os mercados emergentes e economias em desenvolvimento, manteve as taxas de crescimento da China de 5,2% este ano e de 4,5% em 2024, enquanto reviu em baixa as da Índia para 5,9% em 2023 e 6,3% em 2024 (-0,2 p.p. e -0,5 p.p. do que anteriormente).
Salienta ainda que a inflação deverá cair este ano, devido aos preços mais baixos das matérias-primas, mas a inflação subjacente provavelmente irá cair mais lentamente.
Para o FMI, os efeitos colaterais do rápido aumento das taxas de juro estão a surgir, à medida que as vulnerabilidades do setor bancário se tornaram um foco e os receios de contágio aumentaram no setor financeiro, incluindo instituições financeiras não bancárias, mas considera que os decisores “tomaram medidas enérgicas para estabilizar o sistema bancário”.
A instituição recomenda que, “mais do que nunca”, os decisores políticos precisam de comunicar claramente, considerando que a política orçamental deve desempenhar um papel ativo, nomeadamente através de uma consolidação de forma a permitir construir almofadas financeiras.
Por outro lado, defende que, “contida a instabilidade financeira, a política monetária deverá manter-se focada na redução da inflação, mas pronta a ajustar-se rapidamente à evolução financeira” e que os reguladores e supervisores também devem fortalecer a supervisão e gerir ativamente as tensões no mercado para evitar que as fragilidades se agravem.
Lusa