Manifestantes e polícias envolveram-se hoje em violentos confrontos sobre uma disputada reserva de água em construção em Sainte-Soline, no centro-oeste da França, onde milhares de pessoas se mobilizaram, apesar da proibição de ajuntamentos.
As autoridades francesas mobilizaram 3.200 agentes de segurança para fiscalizar a manifestação não autorizada contra um projeto de bacias – reservas de água destinadas à agricultura – temendo atos de violência num contexto inflamável devido à tensão provocada pela nova legislação sobre a idade de reforma.
Uma longa manifestação – composta por pelo menos 6.000 pessoas, segundo a autarquia local, cerca de 25.000, segundo os organizadores – juntou membros de associações ambientais e sindicatos.
“O objetivo é rodear a bacia, para parar a obra”, admitiu um membro da organização ambientalista Revoltas da Terra, no início da manifestação, que se propunha ser pacífica, segundo os organizadores.
Contudo, pouco depois, eclodiram confrontos violentos, com ativistas radicais a usarem fogo de artifício contra os agentes policiais.
Durante cerca de uma hora, as imediações da bacia transformaram-se num cenário de violento conflito, com muitas detonações, observadas à distância pela maioria dos manifestantes que se mantiveram pacíficos.
Vários veículos da polícia foram incendiados, até que os atacantes recuaram e a relativa calma voltou à manifestação.
As autoridades registaram ferimentos em vários polícias, que foram transportados para hospitais da região.
“Em Sainte-Soline, a ultra-esquerda e a extrema-esquerda são extremamente violentas contra os nossos agentes”, disse o ministro do Interior, Gérald Darmanin, reagindo aos incidentes, numa mensagem na rede social Twitter.
Objetos e armas perigosas foram apreendidos durante a manifestação – bolas de petanca, produtos incendiários, facas e machados – e 11 pessoas detidas.
No projeto que foi alvo desta manifestação, 16 reservatórios, com uma capacidade total de cerca de seis milhões de metros cúbicos, serão construídos, principalmente em Deux-Sèvres, no âmbito de um projeto liderado por uma cooperativa de 450 agricultores com apoio do Estado.
O objetivo é armazenar a água a céu aberto, depois de retirada dos aquíferos superficiais no inverno, para irrigar as plantações no verão, quando as chuvas são escassas.
Os opositores da iniciativa denunciam uma apropriação de água pela agroindústria em tempos de mudança climática.
A França vive há várias semanas uma grande mobilização contra a reforma da segurança social, cuja aprovação sem votação na Assembleia Nacional levou a uma sucessão de manifestações violentas em muitas cidades da França.
Lusa