O Presidente ugandês, Yoweri Museveni, acusou hoje a Europa de querer “impor” a homossexualidade no país africano, onde lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, intersexuais e queer (LGBTIQ) são perseguidas e sofrem muitos estigmas.
“Os europeus não ouvem. Não respeitam os costumes de outras pessoas. Querem fazer da sua normalidade a normalidade, e impô-la aos outros”, disse Museveni, em Kampala, durante um comício para assinalar o 46.º aniversário da morte do arcebispo ugandês Janani Luwum, morto pelo regime do ditador Idi Amin (1971-1979).
“Quero felicitar os crentes ugandeses por terem rejeitado a homossexualidade. Os europeus não nos ouvem quando lhes dizemos que este problema da homossexualidade é algo que não devemos normalizar ou celebrar”, acrescentou.
Segundo Museveni, “é verdade que havia alguns homossexuais (no Uganda) antes da chegada dos europeus, mas foi claramente um desvio do normal, como uma pessoa com seis dedos em vez de cinco”.
O Presidente ugandês fez estes comentários um dia após o Conselho Inter-Religioso do Uganda (IRCU) ter dito que tencionava levar de volta ao parlamento do país um projeto de lei introduzido há anos para punir “homossexuais reincidentes” com prisão perpétua.
Em fevereiro de 2014, Museveni ratificou esse projeto de lei, mas o Tribunal Constitucional do Uganda derrubou a lei seis meses mais tarde, argumentando que não havia quórum suficiente durante a sua votação no parlamento.
“Essa lei ainda representa a nossa posição”, disse hoje o ugandês Mufti Sheikh Shaban Ramadhan Mubaje durante uma conferência de imprensa em Kampala.
As discussões sobre essa lei – impulsionadas principalmente por pastores evangelistas populares – desencadearam uma onda de ataques a pessoas LGBTIQ no Uganda, levando ao assassínio de algumas delas.
Atualmente, o código penal do Uganda ainda tem uma lei que remonta a 1950 – 12 anos antes de o país conquistar a independência do Reino Unido – que penaliza as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo com até sete anos de prisão.
Lusa