Terça-feira, 16 de Abril, 2024

África do Sul investiga vídeo de tropas a queimarem corpos em Moçambique

As Forças Armadas da África do Sul anunciaram hoje a abertura de um inquérito sobre o alegado envolvimento de soldados da força militar regional da SADC em Moçambique (SAMIM) num vídeo que mostra tropas a queimarem corpos naquele território.

O vídeo, divulgado nas redes sociais, mostra militares alegadamente do exército sul-africano e outros elementos desconhecidos a atirarem cadáveres para uma pilha de escombros a arder, segundo as autoridades militares de Pretória.

“O Comandante da SAMIM está a realizar uma investigação sobre o envolvimento dos seus membros neste ato desprezível”, referiu a Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF) em comunicado, a que a Lusa teve acesso.

“A SANDF não tolera de forma alguma os atos cometidos no vídeo, e aqueles que forem considerados culpados de tais atos serão responsabilizados”, adiantou.

No comunicado, o porta-voz da SANDF, Andries Mokoena Mahapa, explicou que o exército sul-africano “tomou recentemente conhecimento de um vídeo a circular nas redes sociais retratando membros em uniforme de uma Força de Defesa ainda não identificada a atirarem cadáveres para uma pilha de escombros a arder, bem como os elementos da SANDF observando-os”.

Segundo a nota, o incidente terá ocorrido durante o mês de novembro de 2022 em Moçambique, para onde a África do Sul destacou um contingente militar como parte da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Moçambique (SAMIM).

“Uma vez que as forças são destacadas, elas fazem parte de uma força combinada e estão sob o comando e controle da SAMIM. A África do Sul apenas apoia a missão logisticamente”, referiu-se no comunicado.

A província moçambicana de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da SADC, libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Lusa

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