Três personalidades congolesas, incluindo o Prémio Nobel da Paz de 2018, Denis Mukwege, acusaram hoje (26) o Governo do Presidente Felix Tshisekedi de estar a “externalizar” a política de segurança do país, que dizem estar ameaçado de “fragmentação”, numa declaração conjunta.
Numa declaração conjunta, os líderes afirmam que a República Democrática do Congo (RDC) está ameaçada de “fragmentação” e “balcanização” e esta situação é “o resultado de uma falta gritante de liderança e governação por parte de um governo irresponsável e repressivo”.
Para além de Mukwege, o documento é assinado por Martin Fayulu, candidato presidencial derrotado em 2018 e que ainda reclama mais de 60% dos votos, bem como por Augustin Matata Ponyo, antigo primeiro-ministro (2012-2016), agora senador, que está a ser processado pela justiça por alegado desvio de fundos.
“Em vez de dotar o país com um exército eficaz”, observaram, “o Governo tem privilegiado uma política de externalização da segurança nacional para forças estrangeiras e, pior, para Estados na raiz da desestabilização do país”, citando o Ruanda e o Uganda.
A RDC tem vindo a enfrentar o ressurgimento do grupo armado Movimento 23 de Março (M23), que nos últimos meses conquistou extensões de território no Kivu Norte, a província congolesa que faz fronteira com o Ruanda.
Sob pressão internacional, os rebeldes participaram numa cerimónia na sexta-feira para entregar a cidade estratégica de Kibumba a uma força militar regional da Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês).
O exército congolês no sábado descreveu o “pomposamente anunciado afastamento” pelos rebeldes M23 como uma “farsa”. Kinshasa tem acusado repetidamente Kigali de apoiar o grupo, alegações negadas pelo vizinho Ruanda.
Angop