A inflação este ano vai terminar com uma taxa abaixo de 16 por cento, afirmou, esta quinta-feira, o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano.
O governador do BNA deu esta informação na abertura do “II Fórum Banca e Seguros”, promovido pela AJECO – Associação dos Jornalistas Económicos, sublinhando que “ já é certeza que terminaremos o ano de 2022 com uma taxa de inflação abaixo de 16%.
Justificou que, tendo em conta essa taxa de inflação, prevê-se para 2023 a manutenção do curso de maior estabilidade de preços na economia nacional”.
Segundo o gestor, nessa altura os efeitos positivos começam a ser mais visíveis. Exemplificando, disse que a taxa Luibor a 12 meses (a indexante mais utilizada para o crédito em moeda nacional), que no final de 2021 situava-se em 24,73%, está actualmente em 15,27% – uma queda expressiva de 12,46 pontos percentuais, aliviando em muitos casos os encargos financeiros de empresas e famílias com responsabilidades na banca.
Em contrapartida, disse que existem riscos, quer externos quer internos, que poderão influenciar essa trajectória da baixa da taxa de juros, pois a economia nacional continua muito dependente de importações e das receitas das exportações petrolíferas.
Referindo-se ao petróleo – a principal fonte de recursos em moeda estrangeira, explicou que as suas receitas derivam do preço de mercado e da quantidade exportada e que o preço de mercado está ligado ao desempenho das principais economias mundiais.
Explicou também que os estímulos monetários implementados durante a pandemia da Covid-19 e a guerra no leste europeu têm vindo a contribuir para um aumento generalizado de preços que, inevitavelmente, levou à subida das taxas de juro nos principais mercados financeiros internacionais, reforçando a probabilidade de um desempenho económico mundial “anémico”.
Ainda a respeito do preço, referiu-se ao rácio de crédito malparado no sistema, que actualmente ronda 21%, tendo já atingido valores mais elevados.
Na óptica do governador do BNA, uma das consequências do crédito malparado, para além de desincentivar os bancos, é o aumento do preço do crédito, porque o malparado não pode ser coberto pelos depósitos dos clientes mas pelos lucros dos bancos, que resultam da margem financeira, dependente das taxas de juro aplicadas.
Em relação à questão de crédito e preços, disse ainda que a possibilidade de uma empresa contratar crédito depende em muito da demonstração da qualidade da sua gestão, viabilidade e capacidade financeira para cumprir as responsabilidades que pretende assumir perante o banco. “Essa condição tem sido um dos principais motivos de rejeição de pedidos de crédito na banca”, sublinhou.
De uma maneira geral, no entender do José de Lima Massano, o sucesso do nosso país depende do crescimento sustentável da nossa economia e o acesso ao crédito é um dos factores fundamentais para o seu desenvolvimento, mas o apetite de risco deve ser estabelecido de forma a garantir a sustentabilidade do sistema financeiro.