Quinta-feira, 25 de Abril, 2024

BNA recomenda cautelas para se evitar riscos financeiros

 O administrador do Banco Nacional de Angola (BNA), Pedro Castro e Silva, recomendou hoje aos bancos do sistema nacional a aumentarem rapidamente os seus conhecimentos e capacidades para poderem identificar os potenciais riscos da digitalização financeira.

O gestor, que falava no encerramento da 5ª Conferência de Transformação digital, sob o tema “Telecomunicações, digitalização e inclusão financeira, em nome do governador do BNA, José Massano, salientou que o assunto constitui um desafio para os bancos centrais e comerciais.

Segundo Pedro Castro e Silva, a realidade apresenta um cenário em que o banco central concorre com os bancos comerciais e estes com empresas de tecnologias de informação.

Referiu que tem se notado em Angola a evolução dos sistemas de pagamentos, sobretudo, instrumentos de pagamentos alternativos à banca tradicional e, que, apesar dessas soluções de pagamento, lançados pelos bancos comerciais, há também 16  sociedades prestadoras de serviços de pagamentos – uma boa parte delas a oferecer serviços de carteira móvel, incluindo duas empresas de telecomunicações.

“Confirma-se que por serem mais ágeis, esse tipo de sociedades rapidamente capta clientes, sendo que uma delas, com base no número de clientes, já é maior que a maioria dos bancos comerciais licenciados pelo BNA”, salientou o administrador.

Falando sobre o “mobile Money” (pagamento móvel), no âmbito da inclusão e digitalização financiera, citou dois aspectos que considerou fundamentais para que se possa, de facto, cumprir o seu papel e aumentar a inclusão financeira em Angola, sendo o modelo de negócio e a interoperabilidade.

Em primeiro lugar, explicou, “os promotores das soluções devem consolidar a expansão desse tipo de serviços à população não bancarizada, dado que a bancarizada usa os instrumentos disponibilizados pelos bancos locais que já são moveis, como é o caso do cartão e das soluções mobile banking”.

No âmbito da inclusão financeira, sugeriu que devem ser priorizadas as transferências de pessoa para pessoa, à semelhança do que aconteceu nos outros mercados, uma vez que grande parte das operações económicas nacionais  é informal e os agentes que aí operam são indivíduos.

Por outro lado, adiantou que está em curso o desenvolvimento da plataforma quick, sistema de serviços de transferências instantâneos, que vai garantir a interoperabilidade entre as várias soluções do Mobile Money.

Em relação à interoperabilidade, disse que provou ser crítico para o serviço de mobile money em outros países africanos e, por isso, vai se procurar acelerar o processo de adesão dos participantes a esta plataforma.

O administrador referiu também que, para além da inclusão financeira, a acção do BNA visa  garantir a estabilidade financeira e é nesta perspectiva que se deve analisar os riscos associados das telecomunicações, digitalização e estabilidade financeira.

“Em nossa opinião, os riscos estão relacionados com o impacto no modelo de negócios dos bancos. Se não vejamos, hoje temos maior concorrência fora do sector bancário, pois os nossos concorrentes têm acesso a amplos dados dos clientes, através das infra-estruturas tecnológicas e recursos necessários para vincular serviços financeiros e não financeiros”, disse.

Recorrendo a estatísticas, referiu que os últimos dois anos indicam a geração de proveitos no continente africano em torno dos 15 mil milhões de dólares, com negócios electrónicos.

O bancário deu esta informação para demonstrar a oportunidade de crescimento a nível do continente no domínio, nos pagamentos electrónicos, tendo salientado que muitos países africanos registaram um crescimento record nesse tipo pagamentos, nos últimos 10 anos.

Na Nigéria, as transacções electrónicas dobraram para cerca de 800 milhões, nos últimos 10 anos, segundo o Banco Central, enquanto dados da África do Sul demonstram que o comércio online cresceu cerca de 40%, durante a pandemia.

A consultora Mackenzie antecipa que, entre 2020 e 2025, o mercado de pagamento electrónico doméstico irá crescer em torno de 150%, isto é, para um número de 188 mil milhões transacções – um crescimento que irá se observar maioritariamente no Egipto, Ghana, Quénia Nigéria e África do Sul.

Angop

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