Mais de duzentos mil casos de violência contra criança foram registados nos últimos dois anos em Angola, informou hoje, terça-feira, nesta cidade, a directora-geral adjunta do INAC, Elisa Gourgel.
Entre os casos de violência destaca-se a fuga a paternidade, falta de prestação de alimentos, violência doméstica, sexual e psicológica (acusação de feitiçaria), abandono, exploração do trabalho infantil, maus tratos e agressões.
Falando à imprensa, à margem de um Workshop sobre Gravidez e Casamento Precoces, Elisa Gourgel disse que no período em referência, com o lançamento da linha 15015 SOS Criança, registou-se nove mil e 883 casos de abuso sexual e cerca de 80 mil de fuga a paternidade.
A responsável referiu que, para atenuar o elevado número de casos, o INAC está a realizar campanhas de sensibilização, no sentido de alertar as famílias sobre a necessidade de protecção da criança.
“É necessário que cada pai ou encarregado pense no menor como a extensão da vida dele e que merece protecção, carinho e desenvolvimento, ao invés de ser instrumentalizado, estigmatizado e maltratado”, enfatizoul.
Na mesma senda, a supervisora e formadora nacional sobre cuidados primários de saúde sexual e reprodutiva do Instituto Nacional da Criança, Deolinda Cumandala, afirmou que a gravidez precoce acarreta situações graves de saúde, que podem levar à morte das adolescentes e abortos provocados.
“Devemos combater a gravidez e o casamento precoces, com o envolvimento da sociedade, porque também provocam consequências nefastas ao crescimento das adolescentes”, destacou.
Segundo a vice-governadora de Benguela para o sector político, económico e social, Lídia Amaro, é necessário sensibilizar as famílias sobre as consequências e implicações legais destas práticas que são prejudiciais às crianças.
“Precisamos também de prestar uma atenção especial à educação sexual da mulher, apostar na formação académica e profissional destas e no resgate dos valores morais, cívicos, culturais e na elevação da cultura jurídica para se mitigar este fenómeno em Angola”, considera.
Durante algumas horas, foram debatidos temas como Situação actual da gravidez e casamento precoces na província do Bengo e Benguela, O impacto no desenvolvimento psicossocial da rapariga, Reforço da competência familiar na prevenção da gravidez e casamento precoces, Gravidez precoce como factor de abandono escolar, entre outros.
Angop