Domingo, 22 de Dezembro, 2024

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União Africana defende fim das sanções contra cereais e pede segurança no transporte marítimo

O presidente da Comissão da União Africana (UA) disse que a organização panregional apelou hoje na Rússia à “suspensão das sanções contra cereais” e à necessidade de garantir a segurança nos transportes marítimos.

O diplomata chadiano Moussa Faki Mahamat, que acompanhou o presidente em exercício da UA, Macky Sall, num encontro com o Presidente russo, Vladimir Putin, em Sochi, escreveu na rede social Twitter, que a segurança do transporte marítimo visa “mitigar os devastadores efeitos económicos e socioeconómicos de uma crescente crise alimentar”.

“Juntamente com o Presidente Macky Sall, discutimos um grande número de assuntos com o Presidente Putin em que reiterámos a posição da União Africana para a necessidade de uma solução política para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e os seus graves custos humanos e económicos para a região e o mundo”, lê-se na primeira de três mensagens escritas por Faki Mahamat.

“Apelámos à suspensão das sanções contra cereais e outros produtos importantes, a necessidade da segurança no transporte marítima para mitigar os devastadores efeitos económicos e socioeconómicos de uma crescente crise alimentar e energética, dificultando ainda mais a recuperação global da pandemia de covid-19”, acrescentou.

O presidente da Comissão da UA referiu ainda que juntamente com Sall “ressaltaram as relações fraternas históricas e fortes entre a Rússia e África” e expressaram “o desejo veemente do continente (africano) no compromisso e diálogo para permitir um acordo negociado no interesse da paz e estabilidade globais”.

Em declarações à imprensa, o Presidente do Senegal e da União Africana (UA), Macky Sall, disse que saiu “tranquilizado” do seu encontro com Vladimir Putin, com quem discutiu os receios de uma crise alimentar devido à guerra na Ucrânia.

“Estamos a sair daqui muito tranquilos e muito satisfeitos com os nossos intercâmbios”, disse Sall aos jornalistas, no final da reunião em Sochi (sul da Rússia), acrescentando que encontrou Putin “empenhado e consciente de que a crise e as sanções estão a criar graves problemas às economias fracas, tais como as economias africanas”.

Os países africanos importaram 44% do seu trigo da Rússia e da Ucrânia, entre 2018 e 2020, de acordo com números das Nações Unidas, e os preços do trigo subiram cerca de 45% como resultado da rutura de abastecimento, de acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).

A Rússia, o maior exportador mundial de trigo, exortou o ocidente a levantar as sanções impostas sobre a sua ação militar na Ucrânia, para que os cereais comecem a fluir livremente para os mercados globais.

Enquanto os alimentos e os fertilizantes estão isentos, as sanções têm visado a navegação russa e tornaram as companhias de navegação internacionais relutantes em transportar cargas russas.

Os problemas da cadeia de abastecimento provocados pelos combates na Ucrânia surgem numa altura em que grandes regiões africanas se confrontam com a seca e outros problemas.

Lusa

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