Os chefes da diplomacia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) reúnem-se hoje em Conselho de Ministros, em Luanda, com a cooperação económica na comunidade como tema central, mas o debate também incluirá a guerra na Ucrânia.
No encontro, os ministros dos Negócios Estrangeiros e das Relações Exteriores dos nove Estados-membros da organização devem ainda apreciar o relatório de atividades para a implementação do Programa de Apoio à Integração da Guiné Equatorial (PAIGE) na comunidade, financiadas pelo Fundo Especial da CPLP, disseram fontes diplomáticas à Lusa.
Este era pelo menos um dos pontos da agenda do Comité de Concertação Permanente (CCP)da organização, que se reuniu na quinta-feira num encontro preparatório da reunião do Conselho de Ministros.
A XXVII Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP vai decorrer “de forma presencial” num hotel de Luanda, anunciou a organização em comunicado.
No debate geral, os ministros “vão intervir sobre o tema ‘A Cooperação Económica na CPLP'”, acrescentou.
A XIII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP aprovou, em 17 de julho de 2021, em Luanda, a criação de um novo pilar da comunidade, o da cooperação económica, proposto por Angola, país que assumiu naquela altura a presidência rotativa da organização.
Mas para se acomodar este novo objetivo da CPLP é preciso que os Estados-membros aprovem uma alteração de estatutos da organização, uma revisão que poderá ou não ser mais abrangente, dizem fontes diplomáticas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, disse na quinta-feira à Lusa, antes da reunião do CCP, que vê nesta reunião em Luanda, uma oportunidade de partilhar, “num clima de confiança”, diferentes visões sobre a guerra na Ucrânia.
“Vai ser muito útil porque eu vou poder explicar a visão portuguesa e vou ter oportunidade de ouvir, da parte dos meus colegas, num clima de confiança, aquilo que são as suas maneiras de ver esta situação”, afirmou.
João Gomes Cravinho relembrou que não será adotada “nem foi alguma vez proposto” que se adote “uma resolução”, mas confirmou que irá trocar impressões com os homólogos lusófonos sobre a invasão russa da Ucrânia, destacando “as suas consequências em termos de segurança alimentar”, pois “obviamente que é algo que preocupa a todos”.
A apreciação do relatório de implementação do PAIGE financiadas pelo Fundo Especial, surge no seguimento da deslocação de duas delegações da CPLP este ano aquele país para ajudar à concretização do programa.
No espaço de menos de um mês, duas delegações da CPLP, uma delas lideradas pelo secretário-executivo da CPLP, Zacarias da Costa, deslocaram-se à Guiné Equatorial, que integrou a comunidade em 2014, na cimeira de Díli.
Nesta reunião de Luanda os ministros deverão aprovar também o nome proposto por Portugal para presidente do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e o orçamento de funcionamento para 2023 da instituição de ensino com sede em Cabo Verde.
No encontro também deverá ser aprovada a candidatura da Associação Lusófona de Direito da Saúde à categoria de observador consultivo da CPLP, segundo a agenda do CCP que o antecedeu.
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP.
Lusa