Sexta-feira, 27 de Junho, 2025

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África tem de controlar inflação, lidar com a guerra e gerir a taxa de câmbio

O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse hoje que as prioridades de África devem ser equilibrar a inflação com o crescimento económico, lidar com o impacto da guerra na Ucrânia sem mais endividamento e gerir as taxas de câmbio.

“Três prioridades imediatas para uma perspetiva de evolução económica condicionada e cada vez mais complexa devem ser adotadas pelos países africanos”, lê-se no relatório sobre as Perspetivas Económicas Regionais para África, hoje divulgado em Washington na reta final dos Encontros da Primavera do FMI e do Banco Mundial, no qual se alerta para choques múltiplos e pouca capacidade de resposta dos Estados.

“Para além de acelerar a campanha de vacinação para proteger a região de novas ondas da pandemia de covid-19, os decisores políticos enfrentam três prioridades: equilibrar a inflação com o crescimento, lidar com o impacto económico da guerra na Ucrânia sem aumentar a vulnerabilidade da dívida e gerir o ajustamento das taxas de câmbio”, aponta-se no relatório, que dá conta de diversas dificuldades na recuperação das economias africanas.

No ano passado, a recuperação económica foi mais robusta que o previsto, e o FMI atualizou a previsão de crescimento da região de 3,7% para 4,5%, mas para 2022 a estimativa desceu para 3,8%.

“Este ritmo de crescimento, no entanto, não chega para compensar o terreno perdido devido à pandemia e faz com que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável seja significativamente mais difícil, a pandemia também deixou profundas cicatrizes sociais, ilustradas pelo aumento das pessoas que vivem em pobreza extrema”, escreve-se no relatório do FMI sobre África.

“A invasão da Ucrânia pela Rússia desencadeou um choque económico global que está a atingir a região numa altura em que a margem orçamental para responder era mínima ou não existente”, diz o FMI, vincando especificamente que “a rápida subida dos preços dos alimentos está a prejudicar a balança orçamental dos países importadores de matérias primas e aumentou a preocupação com a segurança alimentar em muitos deles”.

Olhando para os próximos meses, o FMI traça um quadro negro, alertando para “uma excecional incerteza na evolução política e económica” e avisa que “há menos opções políticas e muito pouca margem para erro” por parte dos decisores políticos quando delinearem as suas estratégias de combate à crise e de recuperação económica.

Além das necessidades imediatas, a maior parte dos países africanos vai precisar de consolidação orçamental para reduzir a vulnerabilidade da dívida, cuja média deverá descer de 61,3% do PIB, em 2021, para 57,9% do PIB este ano.

“Navegar este caminho complexo vai ser difícil e muitos países vão precisar de apoio internacional”, diz o FMI, lembrando que o Fundo já alocou 23 mil milhões de dólares (21,8 mil milhões de euros) à região em Direitos Especiais de Saque (DES) e deu ajuda ao fortalecimento da posição financeira e às necessidades imediatas de liquidez na altura mais crítica da pandemia.

Apesar disso, é preciso mais, afirmam os técnicos do FMI: “O G20 prometeu canalizar 100 mil milhões de dólares [quase 95 mil milhões de euros] dos DES, e isso é um passo importante, mas a comunidade internacional tem de ir mais longe, por exemplo removendo os obstáculos à implementação do Enquadramento Comum para o Tratamento da Dívida para além da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) e permitindo reestruturações da dívida rápidas e eficientes onde forem necessárias”.

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