Terça-feira, 1 de Julho, 2025

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Presidente da Somália anuncia suspensão do primeiro-ministro

O presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Mohamed, anunciou nesta segunda-feira (27) que suspendeu o primeiro-ministro Mohamed Hussein Roble, um dia depois de um conflito entre os dois sobre as aguardadas eleições no conturbado país africano.

Presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Mohamed

“O presidente decidiu suspender o primeiro-ministro Mohamed Hussein Roble e retirar seus poderes porque ele está vinculado a [casos de] corrupção”, afirmou, em nota, o gabinete da presidência, que acusa o chefe de Governo de interferir na investigação de um caso de apropriação de terras.

Mohamed Hussein Roble respondeu imediatamente, acusando o presidente de buscar um “golpe contra o governo, a Constituição e as leis do país”.

“Como o presidente aparentemente decidiu destruir as instituições governamentais […] ordeno que todas as forças nacionais da Somália trabalhem sob a liderança do gabinete do primeiro-ministro a partir de hoje”, disse Roble durante uma entrevista coletiva de seu gabinete, onde conseguiu entrar apesar da forte presença militar na parte externa do edifício.

A relação entre o presidente, conhecido como Farmajo, e Roble é tensa, e o embate mais recente entre os dois provocou temores a respeito da estabilidade da Somália.Continue sempre bem informadoASSINE O ESTADO DE MINAS

“O primeiro-ministro está decidido a não ser dissuadido por ninguém no cumprimento de seus deveres nacionais, com o objetivo de liderar o país rumo a eleições que abrirão o caminho para uma transferência pacífica de poder”, afirma um comunicado divulgado pelo gabinete de Roble.

– EUA: ‘profundamente preocupado’ –

Presidente desde 2017, Farmajo viu seu mandato expirar em 8 de fevereiro, sem conseguir chegar a um entendimento com as lideranças regionais para a organização de eleições.

A Somália não realiza eleições diretas há 50 anos e tem um sistema indireto complexo. A organização das eleições foi afetada nos últimos meses por várias circunstâncias.

Em abril, combatentes pró-governo e opositores trocaram tiros nas ruas de Mogadíscio, depois que Farmajo ampliou por dois anos seu período de governo, sem organizar eleições.

A crise constitucional foi aplacada quando Farmajo recuou na decisão e Roble negociou um calendário eleitoral.

Mas, nos meses seguintes, a rivalidade entre os dois políticos afetou novamente a votação.

Farmajo e Roble concordaram em fazer as pazes em outubro e defenderam a aceleração do processo eleitoral.

No domingo, o governo dos Estados Unidos afirmou que estava “profundamente preocupado com os contínuos adiamentos e irregularidades de procedimentos que minaram a credibilidade do processo eleitoral” no país africano.

Analistas afirmam que a disputa política impede a Somália de manter o foco em seus problemas mais importantes, como a insurgência do grupo terrorista Al Shabab.

O movimento, aliado da Al-Qaeda, foi expulso de Mogadíscio há 10 anos, mas ainda controla as zonas rurais e executa ataques mortais.

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