O Presidente do Quénia disse hoje que o Produto Interno Bruto (PIB) do continente africano pode contrair-se até 30% até 2050 se não forem tomadas medidas urgentes para os países se adaptarem às alterações climáticas.
Falando durante um evento organizado pelo Centro Global para a Adaptação, Uhuru Kenyatta apontou que “um investimento de 800 milhões de dólares [676 milhões de euros] em programas de adaptação climática nos países em desenvolvimento daria um retorno de 16 mil milhões de dólares [13,5 mil milhões de euros] por ano”.
Citado pela agência de informação financeira Bloomberg, o chefe de Estado do Quénia salientou que apesar de os países africanos contribuírem relativamente pouco para as alterações climáticas em termos de emissões de carbono, estão entre os mais afetados, em parte porque dependem fortemente da chuva para alimentar a produção agrícola familiar, que é fonte de rendimento de milhões de africanos.
O aumento da temperatura e dos níveis do mar, bem como as chuvas anormais, tiveram uma influência forte na frequência e intensidade dos desastres naturais; a maioria dos desastres em África estão relacionados com inundações, apesar de a seca ter um impacto maior, afetando cinco vezes mais pessoas, disse o diretor executivo do Centro, Patrick Verkooijen.
O Quénia comprometeu-se a investir cerca de 8 mil milhões de dólares, cerca de 6,7 mil milhões de euros, na próxima década em projetos de adaptação ao clima, disse Kenyatta, reconhecendo que esta verba representa apenas 10% do que precisa de gastar no âmbito dos compromissos assumidos no Acordo de Paris, precisando de apoio internacional para financiar o resto.
Milhares de especialistas, ativistas e decisores políticos reúnem-se a partir de domingo em Glasgow na 26.ª cimeira da ONU sobre alterações climáticas (COP26), com o objetivo principal de travar o aquecimento do planeta.
As alterações climáticas são, segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, o maior problema da humanidade, e vão afetar dramaticamente o futuro se nada de substancial for feito.
As emissões de gases com efeito de estufa, que os países tentaram controlar no Acordo de Paris de 2015, mas que continuam a aumentar, estão já a afetar o clima e a natureza das mais diversas formas, segundo os cientistas.
Lusa