Os alemães vão hoje a votos para escolher a constituição do vigésimo Bundestag (Parlamento Federal) do pós-guerra, depois de 16 anos de governação de Angela Merkel.
As urnas abrem, em todo o país, às 8:00 da manhã e encerram às 18:00 (horas de Berlim), com cerca de 60,4 milhões a serem chamados a votar, menos que nas eleições de 2017.
Ainda assim, estima-se que, especialmente por causa da pandemia de covid-19, mais de metade dos eleitores já tenha optado pelo voto por correio, inclusive a chanceler Angela Merkel. Se os números se confirmarem, é um novo recorde.
A Alemanha tem um sistema distrital misto e cada eleitor dispõe de dois votos.
No primeiro, o voto é direto e escolhe-se um candidato do distrito e é escolhido quem conseguir mais votos, sendo que cada partido tem direito a um nome por distrito ou zona eleitoral.
No segundo voto, a decisão recai num partido e o eleitor escolhe uma lista com candidatos definida por uma das forças políticas aptas a concorrer no seu estado federal. Este segundo voto determina o tamanho das bancadas no Parlamento alemão.
Isto é, se um partido tiver elegido, no primeiro voto, mais representantes do que teria direito pelo segundo voto, o número total de deputados do parlamento é aumentado até que a proporcionalidade seja alcançada.
O número mínimo de deputados equivale ao dobro do número de distritos, ou seja 598.
O atual parlamento tem 709 deputados. Para que um partido tenha uma bancada, necessita de obter, no mínimo 5% dos votos válidos no segundo voto, ou eleger pelo menos três deputados no primeiro voto, mas nenhum deputado, eleito diretamente, fica de fora, caso o partido não tenha chegado aos 5%.
São sete os partidos com representação no Bundestag: a União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU), que partilham a mesma bancada, o Partido Social Democrata alemão (SPD), os Verdes, a Esquerda, o Partido Liberal Democrático (FDP) e a Alternativa para a Alemanha (AfD), pertencendo 10 cadeiras do parlamento a deputados sem partido.
O chanceler é escolhido por votação indireta, isto é, os nomes indicados pelos partidos servem apenas para dizer que, caso vençam, aquele será o escolhido.
Nos principais partidos, Olaf Scholz, atual vice-chanceler e ministro das Finanças, é o candidato pelo SPD. Armin Laschet, ministro-presidente da Renânia do Norte-Vestefália, é o candidato da CDU. Os Verdes escolheram um nome pela primeira vez, a co-líder Annalena Baerbock.
Scholz foi o primeiro a apresentar-se como candidato, e, nesta altura, lidera as sondagens, mas de acordo com os vários estudos divulgados, nenhum partido deverá conseguir a maioria necessária para governo, sendo necessária uma coligação.
Entre algumas das formações possíveis estão as coligações “Semáforo” (Ampelkoalition), com o SPD, Verdes e Liberais, “Jamaica”, com a CDU, os Verdes e os Liberais, “Quénia”, com a CDU/CSU, SPD e Verdes, ou uma coligação de esquerda, com o SPD, Verdes e a Esquerda.
As negociações não têm prazo limite para terminar, sendo, até lá, nomeado um governo de gestão. Vários analistas acreditam que Angela Merkel ainda deverá fazer o habitual discurso de Natal na Alemanha.
Lusa