Entre 70 milhões a 80 milhões de pessoas na Ásia-Pacífico atingiram níveis de pobreza extrema em 2020 devido à pandemia de covid-19, situação que ameaça o cumprimento das metas de desenvolvimento sustentável da região, foi hoje divulgado.
O alerta é dado pelo Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB, na sigla em inglês) que mostra este aumento da pobreza extrema — cenário em que cada pessoa vive com menos de 1,90 dólares (1,62 euros) por dia — num relatório sobre os indicadores económicos de 49 países da região, incluindo China, Índia, Japão, Indonésia e Bangladesh, entre outros.
Num comunicado, o banco multilateral destacou que, em 2017, a pobreza extrema afetava cerca de 203 milhões de pessoas na Ásia, ou seja, 5,2% da população dos países em desenvolvimento, e que sem a crise pandémica as projeções apontavam para uma redução na ordem dos 2,6% em 2020.
Os países da Ásia-Pacífico “fizeram progressos impressionantes, mas a covid-19 expôs fissuras sociais e económicas que podem minar o desenvolvimento sustentável e inclusivo na região”, assinalou o economista-chefe do ADB, o japonês Yasuyuki Sawada.
No mesmo relatório, o organismo advertiu que a pandemia ameaça os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável acordados pelas Nações Unidas para 2030, a conhecida Agenda 2030, em especial nesta região.
Eliminação da pobreza e da fome e melhores sistemas de saúde e de educação são alguns dos 17 objetivos estabelecidos na Agenda 2030.
“Para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável para 2030, os decisores políticos precisam de estar munidos de dados atualizados e de qualidade para tomarem decisões sustentadas que assegurem que a recuperação não deixa ninguém para trás, especialmente os pobres e vulneráveis”, frisou Yasuyuki Sawada.
Durante uma parte da atual crise pandémica, a Ásia constou entre as regiões menos afetadas, quando comparada com a Europa ou com o continente americano, mas as restrições impostas devido à propagação do coronavírus SARS-CoV-2 causaram sérios danos às economias mais frágeis.
Também foi nesta região que foi detetada inicialmente, na Índia, a variante Delta do coronavírus SARS-CoV-2, identificada como mais transmissível e mais resistente, o que acabou por ter fortes repercussões na zona.
Outro dado importante é que o ritmo da vacinação contra a covid-19 na região continua muito lento, salvo algumas exceções como Singapura (com 74% da população já com o esquema vacinal completo) e o Japão (40%).
A doença covid-19 provocou pelo menos 4.439.888 mortes em todo o mundo, entre mais de 212,4 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A Ásia contabiliza, até à data, 757.373 mortes entre 48.873.438 casos de infeção confirmados, de acordo com o mesmo balanço.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.
Lusa