Segunda-feira, 23 de Dezembro, 2024

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Perto de 1.000 pessoas intercetadas e reenviadas para a Líbia em dois dias

Perto de 1.000 migrantes foram intercetados ao largo da costa oeste da Líbia nos últimos dois dias e reenviados para aquele país, que não é considerado um porto seguro, revelou hoje a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Perto de 1.000 pessoas intercetadas e reenviadas para a Líbia em dois dias

“Nas últimas 48 horas, quase 1.000 migrantes foram intercetados e devolvidos à Líbia” pela guarda costeira líbia, afirmou a representação da OIM no território líbio através da rede social Twitter.

A OIM, que integra o sistema das Nações Unidas, indicou igualmente que equipas da organização estiveram em todos os pontos de desembarque para prestar a “assistência necessária” aos migrantes intercetados, que posteriormente foram transferidos para os chamados centros de detenção migratórios.

Várias organizações humanitárias (do sistema da ONU ou organizações não-governamentais) que trabalham no terreno fazem denúncias frequentes sobre as condições desumanas destes centros e as violações dos direitos das pessoas que são transferidas e mantidas nestes locais.

“Reafirmamos que a detenção arbitrária deve acabar”, reforçou a OIM.

A Líbia, país localizado a cerca de 300 quilómetros das costas italianas, faz parte da chamada rota migratória do Mediterrâneo Central, encarada como uma das mais mortais, que sai igualmente a partir da Argélia e da Tunísia em direção à Itália e a Malta.

O país tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes, sobretudo africanos (África subsariana) e árabes que tentam fugir de conflitos, violência e da pobreza, que procuram alcançar a Europa através do mar Mediterrâneo.

“Cerca de 1.000 homens, mulheres e crianças tentaram fugir da Líbia nas últimas 48 horas” e “acabaram detidos em condições terríveis”, lamentou a porta-voz da OIM em Genebra (Suíça), Safa Msehli.

“Aqueles que são intercetados são transferidos para centros de detenção onde as condições estão cada vez piores”, segundo a mesma fonte, numa referência às situações de sequestro, tortura e violações relatadas naquele país, que é encarado como um porto não seguro.

Devido à situação do país, imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muhammar Kadhafi em 2011, a Líbia tem sido um terreno fértil e próspero ao longo dos últimos dez anos para as redes de tráfico ilegal de migrantes.

Em 2020, pelo menos 2.300 migrantes morreram ou desapareceram no mar ao tentar alcançar a Europa, um aumento face ao ano anterior mesmo com todas as restrições da atual pandemia da doença covid-19, divulgou recentemente a OIM.

Entre as rotas do Mediterrâneo, a Central foi a mais letal no ano passado, com 984 mortes.

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