Cinco homens foram condenados nesta terça-feira (9) pelo assassinato do embaixador russo Andrei Karlov em Ancara em 2016, cometido por um polícia turco que dizia atuar para castigar Moscovo por seu apoio ao regime sírio.

Outros sete réus foram condenados a penas de prisão por “pertencer a uma organização terrorista” e seis foram absolvidos, segundo a imprensa local, no âmbito do mesmo processo, aberto em janeiro de 2019, de acordo com a media.
Karlov foi morto em 19 de dezembro de 2016 por um polícia turco, de folga naquele dia, durante a abertura de uma exposição no centro da capital turca.
O assassino, Mevlut Mert Altintas, que assim agiu para vingar a situação em Aleppo, a cidade do norte da Síria prestes a ser totalmente tomada pelo regime sírio com o apoio de Moscovo.
Os condenados foram acusados de terem ligações com o assassino, morto pelas forças de segurança no local do crime.
A Turquia atribuiu o assassinato à rede do pregador Fethullah Gülen, descrita como “grupo terrorista” pelas autoridades e seu líder acusado de ser o mentor da tentativa de golpe em 15 de julho de 2016 contra o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
– “Dificultar as relações” –
O tribunal decidiu separar o caso de nove outros réus do processo, incluindo Gülen e um ex-polícia que foi identificado pelas autoridades turcas como membro da rede.
De acordo com a imprensa, entre os condenados à prisão perpétua está um ex-integrante dos serviços de inteligência turcos.
Ele foi condenado à “prisão perpétua agravada” por “vazar informações sobre Karlov para a rede de Fethullah Gülen”, afirmou o canal de notícias NTV.
A sentença de prisão perpétua “agravada”, que inclui condições mais rígidas para os detentos, substituiu do arsenal jurídico turco a pena de morte abolida em 2004.
Outros dois suspeitos foram condenados a duas penas de prisão perpétua, uma por transmitir a ordem de assassinato e outro por atuar como “mentor” de Altintas na rede de Gülen, segundo a mesma fonte.
De acordo com a acusação, o assassinato foi um ato destinado a criar uma “atmosfera de caos” e “quebrar” as relações bilaterais entre Ancara e Moscovo, causando um conflito aberto entre eles.
A viúva de Karlov, Marina Karlova, tinha apoiado a hipótese de uma entrevista para a emissora Rossiya-24.
“Acredito que o objetivo desse assassinato era interromper as conversas e dificultar as relações entre a Rússia e a Turquia”, declarou.
O assassinato ocorreu no auge da tensão nas relações entre Ancara e Moscovo, após uma grave crise causada pela destruição de um bombardeiro russo pela aviação turca em novembro de 2015 na fronteira com a Turquia.