O petróleo fechou na sexta-feira (8) em alta, atingindo os valores mais altos em dez meses e níveis anteriores à pandemia, oferecendo uma perspetiva de crescimento mais robusto da economia angolana após vários anos de contração.

O barril de Brent do Mar do Norte, de referência para as exportações angolanas, para entrega em março subiu 2,96% em Londres, para 55,99 dólares, o valor mais alto desde o fim de fevereiro de 2020, antes da pandemia atingir os Estados Unidos. O WTI para entrega em fevereiro subiu 2,77% para 52,24 dólares, o valor mais alto desde 24 de fevereiro passado.
Esta subida do Brent deve-se ao acordo assinado esta terça-feira, sob a presidência do ministro angolano dos Petróleos, Diamantino de Azevedo, que garantiu na véspera que Angola iria apoiar os esforços da OPEP para manter estáveis os preços do petróleo.
O acordo celebrado entre os membros da OPEP+, prevê a retirada de 7,2 milhões de barris diários (mbd) em janeiro para 7,125 mbd em fevereiro, e depois a 7,05 mbd em março. Tendo a Arábia Saudita anunciado um corte voluntário de um milhão de barris por dia em fevereiro e março.
Se a OPEP conseguir manter o preço do Brent estável, o que será um desafio enorme tendo em conta o historial de falta de disciplina dos seus membros, Angola poderá ter um crescimento mais robusto do que o previsto.
O FMI prevê para este ano um crescimento de 3.2% da economia angolana, enquanto a Fitch prevê um crescimento de 1.7%.
Com um preço médio de 39 dólares por barril de petróleo, o Orçamento Geral do Estado (OGE) 2021 prevê despesas e receitas no valor de 14.7 biliões de kwanzas. Isso significa que se mantendo essa perspetiva de estabilização dos preços do petróleo, a economia angolana poderá finalmente gerar um surplus, recursos adicionais, que poderão ser investidos na educação e boa governação, como defendem alguns especialistas, para que se possa transitar de uma economia petrodependente liderada pelo estado para um modelo económico liderado pela iniciativa privada.
O economista Alves da Rocha defende que “a educação e as instituições são as pedras bases do desenvolvimento, pelo que o governo angolano tem de apostar seriamente nisso”.
Em entrevista a Voz da América o economista e também docente universitário afirmou que “sem educação e sem instituições não há crescimento económico, não há diversificação”.
“A educação é a base de tudo “, disse o professor universitário acrescentando que é na melhoria da educação que “encontramos a cidadania, produtividade, competitividade, onde se vai encontro da inovação e da investigação científica”.
Quem partilha da mesma visão é Armando Manuel, antigo ministro das Finanças, atualmente diretor-executivo do Grupo Banco Mundial para Angola, Nigéria e África do Sul (ANSA)
Armando Manuel defendeu numa entrevista a Forbes Angola, em 13 de dezembro de 2020, que Angola precisa investir seriamente no capital humano para “gerar um crescimento inclusivo, capaz de gerar mais empregos nos diversos estratos sociais, de tal maneira que reduza as desigualdades sociais”.
Como disse Armando Manuel e muito bem, “a prioridade de destaque deve ser dada na melhoria do desempenho da governação, canalizando atenção no fortalecimento do capital humano pela via do aperfeiçoando dos processos e elevar os resultados na educação, na saúde e no saneamento, sem menosprezar a importância da redução do alargado défice de infraestruturas essenciais, como o acesso à eletricidade, às estradas, às telecomunicações para concretizar os dividendos da revolução digital e servir de apoio para a aceleração da produtividade”.