Ministro de Energias e Águas, João Baptista Borges e seus familiares, um filho e um sobrinho, faturaram mais de 19 milhões de dólares em contratos públicos, revelou a TVI numa reportagem com base em documentos obtidos do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.

A reportagem, difundida esta quarta-feira (6), revela que a Boxinvest, uma empresa do sobrinho do ministro, Ricardo Borges e do filho Fábio Jorge Cabral Borges, registada nas Ilhas Virgens Britânicas e no Dubai, beneficiou de um contrato no valor de 19 milhões de dólares (16 milhões de euros), para prestação de serviço de consultoria no projeto de construção da Central do Ciclo Combinado do Soyo, orçado em 900 milhões de dólares.
A TVI revela, que embora João Baptista Borges não tenha assinado diretamente nenhum contrato com a empresa do sobrinho e do filho, o mesmo foi feito através da CMEC, empresa chinesa a quem o governo atribui o contrato para a construção da Central do Soyo.
A CMEC, por sua vez, assinou o contrato com a Boxinvest, uma construção indireta, muito usada, com vista a despistar as autoridades.
O signatário por parte da Boxinvest foi Fábio Jorge Cabral Borges, filho do ministro João Baptista Borges.
No entanto, com vista a despistar as autoridades, o filho do ministro não usou o seu nome completo, tendo assinado apenas como Fábio Jorge Cabral, revela a reportagem.
O pagamento foi feito no Dubai para, provavelmente, facilitar a transferência do dinheiro para outras contas offshore dos familiares do ministro, sugere a TVI.
A reportagem sugere ainda que com parte do dinheiro deste contrato, o sobrinho de João Baptista Borges comprou um apartamento no Marina Gate do Dubai, uma zona de residências de luxo, das mais caras nos Emirados Árabes Unidos.
A reportagem revela que a mulher do ministro, Ana Paula Borges, em sociedade com dois filhos, Paulo e Fábio Borges, também tem uma empresa offshore registada nas Ilhas Seicheles, a Mundideia.
As alegações apresentadas na reportagem, claramente incidem sobre os crimes de corrupção, peculato, branqueamento de capitais, abuso de poder, recebimento indevido de vantagem, associação criminosa e tráfico de influência.
Infelizmente, passados quase 3 dias desde que a reportagem foi difundida, nenhuma entidade oficial angolana – o ministro em causa, o Presidente da República, ou a Procuradoria-Geral da República – se pronunciou sobre o assunto.