O Banco Mundial (BM) tem uma carteira de crédito (portfólio), em Angola, até este ano, na ordem dos 1.850 milhões de dólares, disse o director executivo, Armando Manuel.
O ex-ministro das Finanças de Angola, na gestão do BM em Angola, Nigéria e África do Sul), aponta que do referido valor, 87.1% foram empregues pelo Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), 8.5% pela Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA) e 4.4% com a Corporação Financeira Internacional (CFI).
Destes, 905,3 milhões de dólares estão por desembolsar, de acordo com o quadro sénior do GBM em entrevista à revista Forbes Angola.
Os níveis de exposição (desembolsados & pendências) soma 1.247,4 milhões de dólares compostos por USD 461.9 milhões com o BIRD, USD 546.1 milhões com o IDA, USD 21.3 milhões e USD 218.1 milhões com a Agência Multilateral de Garantia de Investimento (AMGI).
A carteira, ainda de acordo com responsável, está concentrada em projectos no domínio da Administração Pública, Protecção Social, Saúde e Água.
Historicamente, avançou, já foram concluídos 97 projectos, representando um volume de compromissos na ordem de dois biliões de dólares.
Como perspectiva de curto prazo, Angola deve beneficiar, para o OGE 2021, de um apoio orçamental no âmbito das reformas em curso, seguindo-se de outras acções no domínio do empoderamento de jovens do género feminino, segundo o Armando Manuel.
Recentemente entrou em vigor a garantia do BIRD na ordem de 500 milhões de dólares com capacidade de alavancar recursos acima do dobro do seu valor, tendo como fim financiar o projecto de aumento da distribuição de água em Luanda, a partir do Bita.
Destacar ainda que o BM aprovou um pacote global de USD 12 biliões para apoiar os vários países membros no financiamento e aquisição das vacinas da pandemia Covid-19, tendo para o efeito o GBM encaminhando já uma carta à ministra das Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta, para preparar o programa de necessidades de Angola e submeter a candidatura à instituição.
Paralelamente, a grande expectativa vai para a consolidação da presença do CIF em Angola, até então vem sendo feitas operações de “trading finance”, esperando-se que num futuro próximo se tenha uma presença mais activa, estabelecendo parcerias com o sector privado, na atribuição de empréstimos e na prestação de serviços de consultoria.
A recente divulgação do diagnóstico do sector privado, permitiu elencar seis sectores prioritários, sendo o da Energia, Agronegócio, Telecomunicações e Tecnologias de Informação, Educação, Transportes e o Acesso aos Financiamentos.
“Entretanto, para a concretização desta agenda, as autoridades angolanas devem conduzir reformas específicas com propósito de mitigar determinados riscos ao investimento”, sublinhou.
Crescimento económico inclusivo
Questionado sobre a visão que o Banco Mundial para com Angola, afirmou que o GBM encara o país com um enorme potencial.
“O Banco Mundial e o FMI reafirmam abertura e apoio ao país com propósito de reequilibrar as contas públicas, melhorar o ambiente de negócios de modo a estimular o investimento privado e devolver a economia na trajectória de crescimento acelerado”, sublinhou.
Também é visão do BM, segundo Armando Manuel, que Angola precisa de um crescimento económico inclusivo, capaz de gerar mais empregos nos diversos estratos sociais, de tal maneira que reduza as desigualdades sociais.
Para si, uma prioridade de destaque deve ser dada na melhoria do desempenho da governação, canalizando atenção no fortalecimento do capital humano pela via do aperfeiçoando dos processos e elevar os resultados na educação, na saúde e no saneamento, sem menosprezar a importância da redução do alargado défice de infra-estruturas essenciais, como o acesso à electricidade, às estradas, às telecomunicações para concretizar os dividendos da revolução digital e servir de apoio para a aceleração da produtividade.
Nestes domínios descritos, o Banco Mundial diz que dispõe de condições para, de modo continuado, reforçar a parceria com Angola, não apenas com recursos financeiros, mas sobretudo com conhecimento, buscando as melhores experiências de gestão pública e privada experimentadas pelo mundo e adequando-as à realidade do país.
Sobre a visão da economia angolana, actualmente, diz ser hoje um país de rendimento médio baixo, que infelizmente o seu PIB caiu quase 46% entre o período de 2014 e 2020.
O responsável olha para o rendimento per capita de Angola que recuou quase 12 anos, posicionando-se próximo aos níveis do rendimento nacional per capita de 2007, isto devido ao efeitos da pandemia e muito mais da recessão económica causada pela baixa dos preços das matérias-primas de exportação em 2014, tendo-se agravado depois com as sucessivas quebras na produção petrolífera e a imposição de quotas pela OPEP.
Este ambiente de ausência de crescimento económico vem sendo vivido também noutros países como a Nigéria e a África do Sul, com grande incidência naquelas economias fortemente dependentes de um leque reduzido de matérias-primas de exportação e com um limitado nível de transformação económica.
Amando Manuel responde ao meu papel de condução da vida fiduciária do BM, procurando garantir o equilíbrio financeiro do balanço e o cumprimento dos mandatos do BM (aliviar a pobreza extrema e partilhar a prosperidade na economia global).
O angolano responde ainda pelo pilar que está centrado na representação dos interesses dos países que fazem parte da constituência que representa (Angola, Nigéria e África do Sul).