A diretora-geral e o diretor do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI) consideraram hoje que o continente precisa de garantir uma recuperação sustentável e resiliente, que prepare a região para futuros choques.
“Uma recuperação que aumente a resiliência vai não apenas salvar vidas, mas também traduzir-se em padrões de vida mais elevados, empregos com mais qualidade e mais oportunidades para todos”, escrevem Kristalina Georgieva e Abebe Aemro Selassie num artigo disponibilizado hoje pelo FMI.
“Para atingir isto, as políticas orçamentais e financeiras precisam de dar prioridade aos investimentos nas pessoas, nas infraestruturas e nos mecanismos de adaptação”, apontam no texto que argumenta que “os países precisam de garantir que o vasto apoio orçamental mobilizado para combater a pandemia também se traduz num futuro mais inteligente, ‘verde’ e com mais equidade”.
Além da valorização e da formação das pessoas, os responsáveis do FMI defendem também uma aposta nas infraestruturas, salientando que “as boas infraestruturas são a espinha dorsal de qualquer economia resiliente e saudável”, seja a nível digital, seja a nível físico.
“Os países que enfrentam intempéries e eventos climáticos precisam de investimentos maiores para garantir infraestruturas resistentes ao clima”, escrevem, apontando o exemplo de Moçambique: “o porto da Beira, uma grande plataforma de comércio e transportes, ficou operacional dias depois de dois ciclones consecutivos, devido aos exaustivos sistemas de drenagem e a estradas e edifícios bem construídos”.
No texto, a diretora-geral e o diretor do departamento africano do FMI reconhecem que garantir economias resilientes não é uma tarefa fácil nem barata e admitem que a recuperação vai custar “centenas de milhares de milhões de dólares nos próximos anos”.
As reformas, concluem, serão fundamentais, principalmente no que diz respeito à mobilização da receita fiscal interna para complementar o apoio da comunidade internacional, já que “a verdade é que investir num futuro mais resiliente será mais eficiente do ponto de vista do custo do que repetidamente reconstruir após uma crise ou um desastre”.
Em África, há 32.795 mortos confirmados em mais de 1,3 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.