A Procuradoria Geral da República (PGR) ordenou a apreensão de vários edifícios do grupo AAA, pertencente ao empresário Carlos São Vicente que está a ser investigado na Suíça, por suspeitas de peculato e branqueamento de capitais.
Segundo um comunicado da PGR foram aprendidas 49% das participações sociais da acionista AAA Ativos Lda. no Standard Bank de Angola, três edifícios AAA e o edifício IRCA, situados na Avenida Lenine, na Nova Marginal, na Avenida 21 de janeiro e na rua Amílcar Cabral, respetivamente e a rede de hoteis IU e IKA, todos localizados em Luanda.
A PGR justifica a apreensão com indícios da prática de crimes de peculato, participação económica em negócio, tráfico de influência e branqueamento de capitais.
O mandado de apreensão é extensivo aos edifícios situados nas restantes províncias do país, com exceção dos que estão sob gestão do ministério da Justiça e dos Direitos Humanos.
Foram nomeados como fieis depositários o Instituto de Gestão e Participação do Estado (IGAPE) para as participações sociais e o Cofre Geral de Justiça para os edifícios e redes de hotéis.
O AAA, liderado por Carlos São Vicente, casado com uma das filhas do primeiro Presidente angolano, Agostinho Neto, é um dos maiores grupos empresariais angolanos, operando na área dos seguros e da hotelaria.
O empresário é também administrador não-executivo do Standard Bank de Angola e solicitou a sua suspensão imediata de funções até conclusão do processo, anunciou na segunda-feira a instituição bancária.
O nome de Carlos São Vicente foi notícia na semana passada por suspeitas de lavagem de dinheiro na Suíça, divulgadas num blogue que acompanha questões judiciais naquele país.
De acordo com o blogue judicial suíço Gotham City, que cita o despacho do Ministério Público da Suíça, Carlos Manuel de São Vicente, viu congeladas sete das suas contas, tendo sido libertados os fundos de seis e mantendo-se congelada a conta que tem cerca de 900 milhões de dólares, o equivalente a mais de 752 milhões de euros.
Numa nota, a família de António Agostinho Neto considerou “abusivo, calunioso e inamistoso, o uso do nome de António Agostinho Neto a propósito do combate à corrupção que o país leva a cabo”.
A família e a Fundação Dr. António Agostinho Neto lembram que o primeiro Presidente de Angola faleceu em setembro de 1979, seis anos antes do casamento da sua primeira filha, Irene Neto, em 1985, com Carlos Manuel de São Vicente, considerando, por isso, “um absurdo associar o seu nome a processos judiciais em investigação”.