Balança de pagamentos com saldo deficitário de USD 1.157,8 milhões

A balança de pagamentos registou no primeiro trimestre deste ano um saldo deficitário de 1.157,8 milhões de dólares norte-americanos, quando comparado com o mesmo trimestre de 2019 que registou um superavit de USD 1.745,1 milhões.

A posição líquida do investimento internacional no primeiro trimestre de 2020 manteve-se devedora, agravando assim o seu saldo deficitário para 32.690,6 milhões de dólares contra os 31.386,3 milhões do quatro trimestre de 2019, de acordo com o Relatório da Balança de Pagamentos e Posição de Investimento Internacional divulgado pelo Banco Nacional de Angola (BNA).

O documento a que a Angop teve acesso esta terça-feira refere que o saldo da conta corrente, apesar de manter-se superavitário, registou uma redução ao passar de USD 1.774,2 milhões no quarto trimestre de 2019 para USD 1.215,5 milhões no período em análise.

Os valores representam uma deterioração de 31,5%, tendo assim o rácio da conta corrente sobre o PIB, passando de 9,6% para 6,8%, segundo relatório.  

O Banco Central justifica que a redução do saldo da conta corrente é justificado, essencialmente, pelo fraco desempenho da principal componente desta conta, isto é, a conta de bens.

As receitas que o País arrecada com a exportação de bens, de acordo com o relatório, continuam a exceder as despesas com a importação de bens, mas a magnitude deste excedente teve uma contracção significativa.

No período em referência verificou-se uma deterioração do saldo da conta de bens em cerca de USD 1.496,2 milhões, correspondente a 26,8%, ao passar de USD 5.583,1 milhões no quarto trimestre de 2019 para USD 4.086,9 milhões no primeiro trimestre de 2020, em virtude da queda das exportações de petróleo bruto.  

A redução das exportações totais no período em análise justifica-se pela queda do preço médio de petróleo bruto.  

O preço médio das ramas angolanas passou de USD 65,2 por barril no quarto trimestre de 2019 para USD 48,5 por barril no trimestre em análise, segundo o documento.  

Registou-se uma ligeira redução do volume das exportações de petróleo bruto ao passar de 119,7 milhões de barris para 118,8 milhões de barris.  

O efeito preço teve o impacto negativo de 97,2% sobre as receitas de exportação de petróleo bruto, que passaram de USD 7.800,4 milhões no quarto trimestre de 2019 para USD de 5.758,8 milhões no período em análise.  

De acordo com o documento, os principais países de destino das exportações de petróleo bruto angolano continuam a ser a China, que mantém na liderança, com uma quota de cerca de 66,9%, seguida da Índia e da Tailândia com 7,8% e 6,2%, respectivamente.  

A exportação de diamantes tem também um peso relativo na balança comercial do País, com os Emirados Árabes Unidos a continuar na liderança de países de destino das exportações de diamantes, com cerca de 80,2% do valor total, seguido da Bélgica com 14,3%.  

Quanto às importações de bens, no primeiro trimestre de 2020 cifraram-se em USD 2.449,7 milhões, representando uma diminuição de 20,6%, comparativamente ao quarto trimestre de 2019, cujas importações fixaram-se em USD 3.086,3 milhões.  

Dentre outros factores que justificam esta redução, o ajustamento cambial figura-se como um dos principais, segundo BNA.

A redução das importações no período em referência, é observada em quase todas as categorias de produtos, com realce para os bens alimentares e os combustíveis que tiverem uma redução de USD 199,1 milhões e USD 106,3 milhões, respectivamente.  

A importação de bens de consumo corrente apresentou um peso de 62,4% na estrutura das importações, enquanto o peso dos bens de capital e de consumo intermédio foi, respectivamente, de 24,1% e 13,6%.  

O relatório refere também que as importações de bens de consumo corrente, os bens de capital e de consumo intermédio registaram reduções de 21,4%, 21,3% e 15,7%, comparativamente ao trimestre precedente.  

Quanto à origem das importações, as compras angolanas, no primeiro trimestre deste ano, vieram da China (14,7%), Portugal (13,9%), os Estados Unidos da América (6,0%), a África do Sul (5,9%) e a República da Coreia (5,3%).

Quanto aos serviços, no primeiro trimestre de 2020, a conta apresentou uma redução do seu saldo deficitário, ao passar de USD 1.794,3 milhões para USD 1.531,4 milhões comparativamente ao trimestre anterior, o que representa uma diminuição de 14,6%.  

A melhoria do saldo da conta de serviços no primeiro trimestre de 2020 foi influenciada, essencialmente, pela diminuição das despesas com importação de serviços, com realce para a construção em 49,8% (USD 162,1 milhões), os serviços de transporte em 22,1% (USD 156,6 milhões) e outros serviços de negócios 21,2% (USD 103,1 milhões).

×
×

Cart