O presidente palestino, Mahmud Abbas, disse na noite desta quinta-feira que ninguém pode falar “em nome do povo palestino”, em reação à decisão dos Emirados Árabes de normalizar suas relações com Israel, durante uma reunião sem precedentes entre facções palestinas, incluindo o Hamas.
Emirados e Israel anunciaram no dia 13 de agosto um acordo, negociado pelos Estados Unidos, para normalizar suas relações. Os palestinos acusam os Emirados de traição e de violação do consenso árabe, que condiciona a normalização das relações com Israel à solução do conflito israelense-palestino.
“Não podemos aceitar que falem em nosso nome, nunca permitimos e nunca permitiremos”, declarou o presidente palestino durante a videoconferência, a primeira que reuniu Abbas e o chefe do movimento islâmico Hamas, Ismail Haniyeh, desde 2013.
Abbas falou a partir do seu escritório em Ramallah, na Cisjordânia ocupada. O chefe do Hamas, movimento rival de Abbas, assim como o líder da Jihad Islâmica Palestina, Ziad Nakhale, estavam em Beirute, no Líbano.
“Não aceitaremos os Estados Unidos como único mediador das negociações e não aceitaremos seu plano” para o Oriente Médio, continuou Abbas, que pediu uma “unidade” palestina diante da estratégia americana.
O plano, apresentado em janeiro, prevê, sobretudo, a anexação por Israel de áreas da Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, além da criação de um Estado palestino em território reduzido.
Segundo Abu Dhabi, em virtude do acordo para normalizar suas relações com os Emirados, Israel estava abandonando o projeto de anexação. Mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, especificou que trata-se apenas um “adiamento”.
O Fatah laico de Abbas e o Hamas islâmico, respectivamente no poder na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, disseram em julho que queriam começar “um novo capítulo” diante do plano de Trump.
“Devemos restaurar nossa unidade nacional, para acabar com a divisão e estabelecer uma posição palestina unificada … a fim de enfrentar os projetos dirigidos contra o nosso povo”, declarou Haniyeh nesta quinta-feira, mencionando a normalização das relações entre Israel e os países árabes.
Em comunicado final, as facções palestinas indicaram que aprovaram a criação, em cinco semanas, de um comitê comum para organizar a “resistência popular”.