Segunda-feira, 23 de Dezembro, 2024

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Keanu Reeves preserva bondade de ‘Bill & Ted’ em um mundo mais sombrio

Com um jovem Keanu Reeves, um enredo maluco de viagem no tempo e uma série de falas atrevidas, “Bill & Ted – uma aventura fantástica”, de 1989, tornou-se um clássico da comédia cult.

Três décadas depois, o sucesso que alavancou a carreira de Reeves retorna para um terceiro episódio, no momento em que a mensagem de seus heróis carinhosos, “sejam ótimos uns com os outros”, é mais necessária do que nunca, de acordo com seus criadores.

“Foi realmente por acaso”, disse o roteirista Chris Matheson à AFP antes da estreia de “Bill & Ted – Encare a música”, nos Estados Unidos.

“Quando decidimos retomar a história, não tínhamos o pressentimento de que sua ingenuidade diante do mundo teria, de alguma forma, ressonância maior”, disse ele.

“Mas, à medida que as coisas se tornavam mais e mais sombrias no mundo, talvez a partir de novembro de 2016, houve uma sensação de como, ‘É… Pode ser realmente agradável passar um tempo com eles agora'”, acrescentou.

Na data citada por Matheson, o republicano Donald Trump foi eleito para a presidência dos Estados Unidos.

Reeves, que se tornou um dos queridinhos de Hollywood na década de 1990 com “Caçadores de emoção”, “Velocidade máxima” e “Matrix”, ressurgiu, graças à franquia “John Wick” e a uma campanha viral na Internet que o apresentou como o cara mais gentil da indústria.

Também foi fundamental para promover o mais recente “Bill & Ted”.

Matheson e o outro roteirista, Ed Solomon (“Homens de Preto”), começaram a escrever o último filme da franquia há mais de uma década, depois que o astro confirmou sua disposição de retornar aos “sets” em uma entrevista à imprensa.

Em uma conferência realizada on-line por causa da pandemia que parou Hollywood, Reeves disse aos repórteres que o espírito alegre de Bill e Ted tem “mais impacto simplesmente por causa da situação em que nos encontramos”.

Reeves até se opôs às tentativas de adicionar uma dose de malícia ao comportamento da dupla.

“Íamos escrever cenas em que Bill e Ted eram desonestos, tentando enganar alguém”, lembra Matheson.

“E ele dizia, ‘Não, eles não fariam isso’. E ele acabou tendo razão. Esses caras simplesmente não fazem isso. E isso é significativo. Esse é Keanu”, completou.

– Crise de meia-idade –

No filme, as coisas não saíram exatamente como planejado pela dupla de aspirantes a estrelas do rock de San Dimas, na Califórnia.

Agora, eles estão casados e têm filhos, e sua desesperada banda, a Wyld Stallyns, ainda não conseguiu escrever o profetizado hino de rock que unirá o mundo. E o tempo está passando, o que dá ao enredo um certo clima de crise da meia-idade.

Reeves e o coprotagonista Alex Winter, agora um renomado documentarista, juntam-se a Samara Weaving e Brigette Lundy-Paine, que interpretam suas filhas, assim como a alguns dos velhos personagens favoritos.

O filme percorreu um longo e difícil caminho até as telonas, dificultado, segundo relatos da imprensa especializada, pelas reservas de alguns executivos de estúdios diante de protagonistas mais velhos, em uma Hollywood obcecada por “novas versões” de franquias voltadas para o público jovem.

Para seus criadores, porém, “Bill & Ted” não poderia existir sem Reeves e Winter, ambos de 55 anos, que se conheceram na audição do filme original. Eles continuam sendo amigos próximos e, com frequência, passam o Dia de Ação de Graças e outros feriados juntos.

“A amizade de Alex e Keanu está impregnada em toda saga do filme”, disse Solomon.

“Não queríamos fazer uma versão em que tivessem tido sucesso e agora não se falassem (…) porque sabíamos que eles nunca se separariam”, explicou.

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