A vulnerabilidade de África a desastres naturais está a aumentar e a capacidade de reação a catástrofes a diminuir, conclui o primeiro relatório sobre a redução de riscos no continente elaborado pela União Africana.
De acordo com o Relatório Africano sobre a Redução de Riscos de Catástrofes, “o perfil de risco de África está a aumentar” bem como a vulnerabilidade e a exposição a desastres naturais de um continente, cuja capacidade de reação sofreu uma diminuição.
O documento, apresentado pela comissária para a Agricultura e Economia Rural, a angolana Josefa Sacko, compara os períodos de 2015-2016 e 2017-2018, registando aumentos no número de catástrofes que assolaram a região, na mortalidade e nas perdas económicas associadas.
O número de catástrofes aumentou de 311, em 2015-2016, para 474, em 2017-2018, de acordo com o documento, que aponta ainda um crescimento da mortalidade de cerca de 31.000 pessoas para mais de 36.000.
As perdas económicas aumentaram de 2 mil milhões de dólares 81,69 mil milhões de euros) para 8 mil milhões de dólares (6,77 mil milhões de euros) entre os dois períodos.
Em sentido oposto, o número de pessoas afetadas diminuiu de mais de 58 milhões em 2015-2016 para 22 milhões em 2017-2018.
“Os desastres tornaram-se um fenómeno recorrente em África e a União Africana quer assegurar que os países estão preparados para minimizar as perdas decorrentes destes perigos naturais”, disse Josefa Sacko durante a apresentação pública do documento.
O relatório visou medir o progresso e o nível de preparação de África em 12 objetivos (sete globais e cinco específicos para África), incluindo a redução da mortalidade por catástrofes, perdas económicas, perdas de infraestruturas críticas e perturbações dos serviços básicos, entre outras.
De acordo com a responsável, dos 50 países que participaram no relatório, apenas 22% têm estratégias de redução de risco em vigor e destes apenas 5% estão a implementá-las na integra.
O documento aponta ainda que apenas o Ruanda está “no bom caminho” para a implementação da generalidade das metas, incluindo as específicas para África, adiantando que Gana, Argélia, Quénia, e Sudão implementaram “programas importantes”.
O Ruanda conquista pontuação cinco nos dois períodos analisados.
Entre os países africanos lusófonos analisados pelo relatório, Moçambique é o mais bem avaliado, com pontuações de 2.4 (2015-2016) e 3.4 (2017-2018), bem como a Guiné-Bissau, que regista 2.5 nos dois períodos.
São Tomé e Príncipe piora a sua avaliação de 2.3 para 1.9, Angola regista uma pontuação de 1.1 nos dois períodos e a Guiné Equatorial passou de 1 para 1.2 pontos.
O relatório não apresenta dados sobre Cabo Verde.
“A degradação natural está a acrescentar mais uma camada à ocorrência de catástrofes. Secas, cheias e pragas são alguns dos perigos que ameaçam a segurança alimentar em África”, disse a comissária, sublinhando o empenho da União Africana em reduzir os riscos e perdas associadas aos desastres naturais.
Josefa Sacko considerou que a redução de riscos de catástrofes “é uma questão de sobrevivência” e que a construção da resiliência deve ser um modo de vida”.