O Irão não abrirá negociações com os Estados Unidos já que isso beneficiaria apenas seu presidente, Donald Trump – declarou nesta sexta-feira (31) o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, que insistiu em que a política de sanções de Washington falhou.
“Não há dúvida de que as sanções são um crime”, declarou Khamenei num discurso transmitido pela televisão.
“Mas os iranianos são astutos e tiraram proveito deste ataque, desta animosidade (…) usando as sanções para reforçar nossa capacidade de sobrevivência”, acrescentou.
A hostilidade entre Estados Unidos e Irão aumentou nos últimos meses.
Em junho de 2019, o Irão destruiu um “drone” americano no Golfo e, em janeiro, Washington matou Qassem Soleimani, o poderoso general da Guarda Revolucionária, num ataque com “drone” perto do aeroporto de Bagdá, no Iraque.
Em 2018, os Estados Unidos denunciaram unilateralmente o acordo do Irão com as grandes potências sobre seu programa nuclear.
Khamenei, de 81 anos, condenou os apelos para qualquer tipo de conversa com Washington.
Referindo-se a Trump, o líder iraniano explicou que “aparentemente [o presidente dos EUA] usou suas negociações com a Coreia do Norte como propaganda. Agora quer fazer o mesmo [com possíveis conversas com o Irão] antes das eleições de 3 de novembro” nos Estados Unidos.
Em troca de negociações, alerta o aiatolá, os Estados Unidos vão querer que o Irão “reduza as capacidades de defesa”, abra mão de “poder regional” e “abandone sua industria nuclear”.
“Não há qualquer lógica em obedecer às demandas do agressor”, concluiu.