Segunda-feira, 23 de Dezembro, 2024

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Adiamento de decisão do FMI sobre Angola vai agravar questões de liquidez e pressionar divisas — BFA

O adiamento da decisão do FMI sobre o reforço do empréstimo a Angola vai agravar os problemas de liquidez do Tesouro e pressionar as divisas que se encontram ao nível mais baixo de 2020, segundo uma nota do BFA.

Segundo a Bloomberg, o Fundo Monetário Internacional (FMI) decidiu adiar a terceira avaliação do Programa de Financiamento Ampliado, pelo menos até à segunda quinzena de agosto, um adiamento “bastante prejudicial”, refere uma nota do Gabinete de Estudos Económicos do Banco de Fomento Angola, a que a Lusa teve acesso.

“Trata-se de um adiamento bastante prejudicial para o país, já que o desbloqueamento desta avaliação poderia trazer cerca de 800 milhões de dólares em financiamento orçamental (incluindo 350 milhões decorrentes de um alargamento do empréstimo), e em moeda estrangeira, providenciando também divisas ao país”, sublinha-se no documento.

Em causa deverão estar questões relativas aos acordos de moratórias de dívida com credores, adianta a mesma nota.

Angola já chegou a acordo com um dos seus credores e tem prevista a adesão à iniciativa de suspensão de pagamentos da dívida bilateral a membros do G20, mas tem ainda negociações em curso com outros dois credores, segundo a ministra das Finanças.

“A decisão do FMI poderá condicionar a decisão de outras agências multilaterais, como o Banco Mundial, que também se espera vir a desembolsar um apoio orçamental este ano (o montante previsto era de 500 milhões de dólares, que poderá também ser alargado)”, estimam os analistas do BFA.

Segundo a nota informativa, o atraso deste apoio orçamental agrava, por isso, as questões de liquidez do Tesouro.

Além disso, o atraso na entrada de moeda estrangeira “impede o alívio de alguma pressão existente para depreciação no mercado cambial”, numa altura em que as divisas provenientes das receitas petrolíferas estarão ao nível mais baixo de 2020.

A Bloomberg noticiou que a reunião, que estava marcada para quinta-feira, terá lugar assim que o conselho executivo regressar das suas férias, na segunda metade de agosto, um adiamento que permite FMI “mais tempo para trabalhar com as autoridades” de Angola.

Durante esta semana, o secretário de Estado das Finanças de Angola, Osvaldo João, apontou que o país tem “uma folga” de cerca de 800 milhões de dólares (680 milhões de euros, ao câmbio atual) no plano do FMI.

“Durante a aprovação do programa, em 2018, nós apenas obtivemos o financiamento de 3,7 mil milhões de dólares [3,15 mil milhões de euros, ao câmbio atual]. Isso significa que os desembolsos que estavam a ser feitos até à segunda avaliação, tiveram em conta um ‘plafond’ total de 3,7 mil milhões de dólares, o que significa que nós temos uma folga de cerca de 800 milhões de dólares a que nós podemos aceder sempre que quisermos”, disse Osvaldo João, durante um almoço-conferência realizado no dia 27 de julho.

O OGE 2020 revisto, estimado em 13,4 biliões de kwanzas (20,3 mil milhões de euros), prevê um défice de 4% aos 15 biliões de kwanzas (22,6 mil milhões de euros) da anterior proposta e com um preço médio do barril de petróleo de 33 dólares (30 euros).

A primeira versão tinha sido elaborada com base no preço médio do barril de petróleo de 55 dólares, uma produção média diária de um 1.436.900 barris e uma taxa de inflação de 25 por cento.

Devido à pandemia de covid-19, verificou-se uma redução do preço do barril de petróleo, o que levou a que os Estados-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus parceiros reduzissem a produção, de modo a equilibrarem o preço do barril de petróleo.

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