O secretário de Estado para a Ciência, Tecnologia e Inovação, Domingos da Silva Neto, reconheceu hoje, em Luanda, a grande contribuição da investigação e produção científica no desenvolvimento de Angola.
Ao falar na abertura do seminário sobre a criação gestão e indexação de revistas científica, o governante afirmou esperar que os participantes estejam mais enriquecidos com novos conhecimentos necessários para que os resultados de investigação tenham um impacto directo no aumento de obras contabilizáveis, em conformidade com os padrões internacionais.
“A publicação de obras científicas é, antes de tudo, um mecanismo credível de validação e consequente valorização dos resultados obtidos na investigação, para que estes tenham uma maior probabilidade de serem competitivos agregando valor nos processos de ensino e aprendizagem. Devem ser transformados em tecnologia a transferir para o sector produtivo ou para indústria, especificamente, aquelas que podem alavancar um dado país”, disse.
O responsável acrescentou que, o seminário, além de estar explícito na sua denominação, visa estimular o reforço da valorização dos artigos e obras científicas publicadas no nosso país, procurando-se, desta forma, contribuir para o aumento da visibilidade nacional e internacional da produção científica em Angola.
“Estamos convictos que a qualidade da produção científica é um dos factores de impacto, por retro-alimentação, em alguns indicadores dos programas do PDN2018-2022, cujo coordenador é o MESCTI, designadamente, no Programa para a Melhoria da Qualidade de Ensino Superior e Desenvolvimento da Investigação, e no Programa a inovação e Transferência de Tecnologia. Também em poder contribuir de forma relevante para agenda 2030, particularmente no que tange aos objectivos de desenvolvimento sustentável”, frisou.
Lembrou ainda, que segundo o relatório da UNESCO de 2015, a produção científica de Angola por um milhão de habitantes, é bastante baixa. Estes resultados foram confirmados pela campanha de recolha de indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI), realizadas em 2013/14 e 2016/17 e por estudos independentes, o que, a priori, condiciona a inserção das instituições de ensino superior angolanas nos rankings académicos, para os quais a produção científica constitui um indicador relevante, visto que contribui com cerca de 60 porcento.
Destacou que a investigação científica é crucial a aposta na padronização e consequente reforço da estruturação e funcionamento das redacções de revistas científicas e das editoras de obras técnico-científicas, para que as publicações não sejam apenas contabilizáveis para os processos de acesso ou promoção nas carreiras, mas também a inserção das nossas universidades nos rankings académicos mundiais.
“Actualmente, o Executivo Angolano, através do MESCTI, implementa o Projecto de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (PDCT), financiado em 90 por cento, por intermédio de um empréstimo do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). Por outro lado, este mês foram assinados acordos de financiamento relativos a dois projectos de investigação científica no âmbito do Covid-19”, considerou.
Por sua vez, o reitor da Universidade Óscar Ribas (UÓR), parceira no seminário, Eurico Wongo Gungula, apelou a necessidade de um trabalho conjunto das instituições académicas na busca de soluções para as situações de crise que afectam o mundo, em especial as constantes mutações do vírus SARS-Cov-2, protótipo do Covid-19.
“Numa era, em que o mundo tem experimentado grandes desafios, desde as crises financeiras cíclicas, as alterações climáticas, as desigualdades, a exclusão social, é chegado o momento de todos, de mão dadas e dentro de um espírito de equipa multidisciplinar, trabalharmos para elevar a produção da investigação científica nas nossas instituições”, admitiu.
Sublinhou que, para o sucesso da elevação da investigação científica angolana é preciso que haja disponibilidade financeira significativa, pois só com recursos é possível desenvolver projectos de investigação relevante que, por sua vez, poderão contribuir para o desenvolvimento multifacetado de Angola.
Organizado pelo Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI), em parcerias da Universidade Óscar Ribas, Universidade Autónoma do Estado de México, Universidade Dr. Rafael Belloso Chacin da Venezuela e da UNESCO, decorre de 29 de Julho a 26 de Agosto, em cinco sessões, com matérias específicas de vídeo-conferência.
Também presente na abertura, que ocorreu na sala da Universidade Óscar Ribas, entre outras personalidades, a embaixadora angolana na UNESCO, Ana Maria de Oliveira.